domingo, 24 de dezembro de 2017

"Você sabe que nada vai mudar, não sabe"?


Há 8 anos, aproximadamente, eu ouvi essa pergunta depois de ter passado algumas das horas mais felizes de minha vida. Sabe quando alguém fala algo que é a pura verdade, mas na hora errada? Foi assim que depois de me sentir feliz ao extremo, senti-me um lixo ao extremo.

Quando você sabe que não está agindo certo, a realidade bate na sua porta muito mais rapidamente. Depois de 11 anos de espera, eu estava ali com quem eu achava que finalmente poderia ter um relacionamento em que eu seria feliz na maior parte do tempo. Durante tanto tempo aquilo tinha ficado só no plano das ideias, dos sentimentos que iam e viam, das promessas impossíveis de serem cumpridas por conta dos relacionamentos de ambos os lados.

Eu me magoei e, anos depois, soube que a verdade tinha vindo à tona do lado de lá e tinha magoado muito mais gente. Parte do que eu gostaria de ter na minha vida tinha sido ameaçado na vida de outras pessoas simplesmente porque eu havia ligado o foda-se uma vez na vida. Mas não tinha sido inconsequente. E já fazia tanto tempo que aquelas horas tinham ocorrido. Tinham ficado na minha memória como algo que nunca faria parte novamente da minha história. Nunca.

Levei muito tempo para me perdoar. Mas como diz Alanis, a vida é irônica e dois raios podem cair no mesmo lugar, duas vezes.

A mesma internet promoveu um novo encontro ao acaso, talvez até com uma intensidade maior. E eu liguei o foda-se novamente num espaço de tempo muito menor: semanas. O raciocínio dessa vez mudou. Eu estava solteira e não tinha assumido compromisso com ninguém, desta forma, não estava cometendo erro algum, traindo a confiança de ninguém, nem sendo desleal. Ledo engano. Sim, estava indo contra os meus valores e por essa razão também me condenava. O turbilhão de sentimentos que vieram junto com essa virada de chave ainda vão e vem. A frase marcante mudou para "eu nunca menti pra você, sempre fui sincero da minha situação. Quem sabe daqui a um tempo. Tudo muda. Já mudou muito. Pode mudar novamente".

Eu não sou passageira do meu destino. Eu tento fazer o que eu quero acontecer. Juntando essas palavras com outras tantas escritas/ditas e falta de atitude, fica claro o que vai e o que não vai acontecer. Não quero ser válvula de escape de ninguém. É muito cômodo ter uma vida real e uma experiência virtual em que você deposita suas frustrações, onde realiza o que a realidade não oferece mais, sabe-se lá por quais razões. É preciso, por amor e respeito próprio, descortinar mais esse episódio platônico. Não cabe mais esperar 11 anos para ter uma "decisão". Já sei qual é a óbvia, a mais sensata. Assim como já sei qual é o fim da história e ela não tem um final feliz pra mim. Talvez pra ninguém.

sexta-feira, 22 de dezembro de 2017

Seu nome

A conexão mais forte que se pode estabelecer entre os seres humanos é a mental. Com ela vem tudo o mais. Não há tempo, distância ou circunstância. Sem ela nada importa, nada existe. Certo e errado se tornam questões pequenas e a existência faz sentido. E seu nome está em tudo...

sábado, 21 de outubro de 2017

Letters from Brazil 1 - Por que eu preciso voltar



Um pouquinho do River Lee

Hoje faz exatamente três semanas que voltei pra casa. Confesso que parece mais. A rotina já me absorveu. Trabalho-casa-trabalho... Ainda não deu para voltar a praticar alguma atividade física (estou tentando manter o peso) ou dar continuidade às aulas de inglês (quero continuar no objetivo de fazer a certificação). A prioridade é pagar as contas e cuidar de Fiona. Mas, claro, que eu sinto muita falta de Cork, minha Nárnia.

Eu já sabia que ia me sentir assim. Quando eu penso nisso, choro. E não é porque eu não goste daqui ou da vida que levo. É porque é muito bom poder viver num lugar em que você pode andar sem se preocupar se alguém vai te atacar. A violência lá acontece em outro nível. Pra mim esse é o grande problema de viver aqui atualmente. Fora a questão do ritmo da cidade. Cork tem tudo que uma cidade grande tem, mas num ritmo menos intenso. Ela é pequena e, dependendo do lugar, dá pra fazer tudo a pé. E é isso que eu quero para a minha vida.

Pela janela do meu quarto, os telhados que eu via e depois o horizonte...

Ontem eu precisei sair do trabalho mais cedo e o trajeto até a parada de ônibus foi um terror. Da parada pra casa, outro estresse. Eu desejo essa vivência de tranquilidade para todo mundo. Mesmo os que achem que isso é pura frescura minha.

Mas não é simplesmente por isso que eu gostaria de voltar. Também não é por conta do irlandês que conheci e que não manda notícia alguma (e que não vou fazer outro contato, claro). É porque, mesmo passando oito semanas, eu não fiz um monte de coisas que gostaria/poderia de ter feito. Se você me perguntar o motivo eu vou te dizer que por questão de orçamento. Tudo tinha que ser priorizado...

Quer saber o que faltou fazer? Dê uma lida na lista abaixo:

1. Assistir partidas de hurling ou gaelic football, dois esportes irlandeses típicos, e escolher times para torcer.
2. Andar de bicicleta pelas ruas de Cork ou de qualquer cidade irlandesa.
3. Ir ao Black Rock Castle.
4. Ir a Galway e outros lugares no leste e noroeste da Irlanda.
5. Frequentar outros pubs e boates, como a Vodoo...
6. Comer as comidas típicas da Irlanda.
7. Experimentar mais cervejas e cidras.
8. Viver o inverno do hemisfério Norte, quem sabe ver neve?
9. Assistir a espetáculo de dança e música típicas irlandesas.

São coisas bestas/simples, mas que fazem parte de viver o lugar, de sentir-se parte dele. Cork faz parte de mim agora e para sempre. Sério, preciso voltar...

Casinhas coloridas da North Street

Letters from Cork 14 - O intercâmbio em si - Parte 2 (expectativa x realidade)



Trilha sonora: Spotify/Cafezinho


Aulas não eram diferentes das escolas daqui

Eu não lembro qual foi a primeira vez que eu tive vontade de fazer intercâmbio, mas foi, provavelmente, por volta dos 15 anos. Na minha época, as meninas escolhiam entre ganhar uma festa ou fazer uma viagem para os Estados Unidos. Eu ganhei um bolo solado e um assustado com pouquíssimos amigos.

Pelo que vocês já sabem, esse sonho me acompanhou a vida toda. Há cerca de 10 anos ele voltou com mais força e, desde então, vinha cultivando. A oportunidade de concretizar surgiu algumas vezes, mas eu sempre priorizei outras coisas, investia a grana extra para pagar outras coisas, uma manutenção do carro, na casa de mainha, trocar a cama, o computador... Mas dessa vez eu bati o pé e investi a maior parte da grana nesses dois meses fora. A estratégia foi meio drástica: comprometi a grana desde o início. Não tinha outra forma porque acabaram realmente surgindo outras demandas que se eu tivesse o montante teria destinado e acabado novamente com a possibilidade de concretizar. Talvez fosse a última...

Vou relatar aqui um pouco do que eu esperava que acontecesse e o que no fim aconteceu, onde errei e onde eu acertei.

Eu nunca havia viajado pra fora (mal conheço o Brasil), eu resolvi buscar apoio de uma agência de intercâmbio. Pesquisei por mais de um ano algumas e a mais em conta x serviço e atendimento legal foi a Dreams Intercâmbios. Recebi (quase) toda a orientação necessária lá. Fui sempre bem atendida e sempre tiraram todas as dúvidas que surgiam. E foram muitas. Durante meu período lá, eu tinha um grupo do Whatsapp com eles para resolver qualquer problema. E funcionou bem. Recomendo ter uma agência por trás porque, em caso de bronca, eles podem ser acionados. Eu não tive problema com acomodação ou com turma/professor. Mas poderia ter tido, como vi algumas pessoas tendo por lá.

Quando eu digo que recebi quase toda orientação, é porque eu acho que poderiam ter me explicado um pouco melhor sobre prós e contras do escolha do horário das aulas. Eu recomendo sempre que as pessoas que lerem esse post e também tiverem a intenção de fazer intercâmbio perguntem mais a respeito e, de preferência, coloquem as aulas pela manhã. Eu errei. Coloquei à tarde. Pela manhã você ganha o resto do dia para fazer o que quiser, passear, estudar, trabalhar e colocar o aprendizado em prática, vivenciar a cultura e a língua.

A Cork English Academy (CEA) onde estudei oferecia atividades extras à tarde, o que era muita desvantagem para quem estudava no horário e não tinha a oportunidade de participar. Quando escolhi o turno da tarde, pensei que as atividades também aconteciam de manhã. Esse foi o ponto que a Dreams pecou. E é o pecado cometido pela CEA. Quando eu comecei a trabalhar de lá em setembro, perdi o contato com as pessoas. Conselho de quem errou: escolha o turno da manhã.

Eu também posso comparar o ensino na CEA e nas escolas que passei aqui no Recife. O diferente é realmente aprender com um nativo. A metodologia é a mesma: quadro, livro/cópia, exercícios (nesse caso foi pouco, mesmo para um curso intensivo),  muito conteúdo novo e muito vocabulário. Os professores que tive eram muito bons. Sempre disponíveis para ir além do que estavam expondo, tirando dúvidas de vocabulário, gramática e, muitas vezes, de coisas práticas sobre a Irlanda. De como poderíamos fazer isso ou aquilo. Por outro lado, o foco realmente era só o speaking, falar. O writing (escrita) foi uma negação. Esse era um dos meus principais objetivos e não foi cumprido. Um detalhe extra: a maioria dos alunos tem entre 19 e 25 anos. Pessoas com mais de 30 são raras, mas existem. E sofrem certo preconceito por conta da idade.

Outra coisa que foi totalmente diferente foi a recepção das pessoas da Irlanda. Reza a lenda que todo mundo é mega receptivo, que são bons de relacionamento. Eu sei que eu tenho dificuldade de fazer amizades, mas eles não são tão amigáveis assim. Todos os professores e os integrantes do staff da escola eram gente boa, gentis, mas até certo nível. Eu só conheci um irlandês de fato (vocês podem ver no post "Paixão" irlandesa), mas os demais... O professor com quem troquei o Facebook nem responde as poucas mensagens que enviei. Agora mesmo, com a história do furacão Ophelia, mandei mensagem perguntando como estavam as coisas por lá... Não respndeu nem por educação! Enfim, lenda.

Eu passei três semanas praticamente evitando brasileiros. Eu me rendi a eles e aos estrangeiros porque é com eles que você têm que andar, se relacionar e praticar a língua. Segui muito o exemplo do Alejandro, meu flatmate, e comecei a andar com os amigos dele. Era com esse pessoal que rolavam as saídas coletivas aos pubs.

Na Irlanda, brasileiro é boia. Então acho que isso também dificulta tudo. Eu já falei disso em outro post... Somos muito mal vistos pelo comportamento descompromissado, deseducado e interesseiro. Então, porque qualquer irlandês faria amizade com algum de nós? Bem, isso acontece, claro, mas o que eu mais vi foram brasileiros e estrangeiros compartilhando suas dificuldades e alegrias por lá.

O frigobar não tinha espaço pra nada... Eu tirei todo o gelo e limpei o danado

Pensei que fosse ser mega difícil me adaptar ao apartamento e à convivência com os outros três moradores/estudantes, mas nem foi. A primeira e segunda semanas convivendo com três homens foi difícil, mas quando surgiu um problema eu chamei pra conversar e a coisa melhorou. Eu encontrava panelas sujas no armário... Meio nojento... Não dava, né? No mais, eu resolvi que se eu queria algo do meu jeito eu ia lá e fazia. Queria o balcão da pia limpo, se tivesse sujo quando eu fosse arrumar, eu limpava. Se eu queria que a louça seca fosse guardada no armário e as pessoas não faziam, quando eu fosse guardar a minha, às vezes guardava o resto. E foi assim até o fim.

Tirar o lixo era a mesma coisa... Teve uma hora que eu quase me arretei porque os dois últimos moradores que chegaram tavam cagando com o saco esborrando... Eu tirei quase três vezes seguidas... Nos últimos dias eu liguei o foda-se. Eles que tirassem. Eu já estava indo embora...

E por fim, preciso comentar sobre tempo. Oito semanas passaram voando. Dois meses não foi nada. Eu consegui trocar de turma, mas isso foi porque eu já havia estudado inglês antes e realmente me dediquei. Fazia todo o dever de casa, buscava coisas extras quando sentia dificuldade, li três livros enquanto estava lá... Mesmo assim, não senti tanta evolução assim. Não tive tempo de colocar em prática lá o que estava aprendendo. A experiência foi muito rica, mas se eu pudesse voltar no tempo, teria tentado ficar mais um mês, pelo menos. Tenho certeza de que ainda acharia pouco, mas, pelo menos, teria mais tempo além da fase da adaptação (primeiras 2, 3 semanas).




Minhas recomendações gerais, no fim das contas, são:

1. Se não tiver segurança de organizar tudo sozinho lance mão de uma agência. Sai mais caro, sai, mas compra o remédio para qualquer dor de cabeça que você tiver

2. Espere menos do que eu para partir para fazer amizade com qualquer pessoa. Tem muita coisa em jogo, principalmente a prática da língua. Sim, tô dizendo para você se aproximar das pessoas por interesse, o que não quer dizer que seja de qualquer pessoa e sim de pessoas que você ache que pode ter uma amizade legal. O ponto de partida é a prática da língua.

3. Se só tiver grana para passar um mês, beleza, passe. Mas vá consciente de que não será nada. Dois meses também não. Talvez, não sei, de três meses em diante a coisa flua melhor.

4. Se for passar pouco tempo, veja uma forma de não trabalhar. Pelo menos não todo dia e num horário fixo. Isso me deixou muito amarrada na segunda parte do intercâmbio, até porque eu escolhi o horário errado para fazer isso. Se você estiver estudando de manhã e puder trabalhar à tarde ou à noite, de forma flexível, vai ser melhor.

Minha ideia, depois disso tudo, é retomar o curso aqui para revisar o que foi visto lá, aperfeiçoar o que percebi que sou fraca e que impactou negativamente nessa experiência, e buscar o writing. Após isso, a certificação da fluência.

Sherlock foi o primeiro livro que li por lá

Depois a história de três mulheres que desafiaram seus limites para realizar um grande sonho

Depois um clássico da ficção científica. Descobri depois que voltei que essa é a
história que inspirou Blade Runner



sábado, 14 de outubro de 2017

Letters from Cork 13 - Alimentação em terras irlandesas

Se tinha uma preocupação da minha mãe comigo em Cork era com comida (se tinha outra, não sei rs). Nos primeiros dias, confesso que fiquei apreensiva, mas depois de começar a explorar melhor os supermercados como o Tesco, Lidl, Dealz e o Mister Price, desenrolei. Fui aprendendo o que cada um tinha de melhor a me oferecer por um preço justo/acessível. Brebote e comida pronta são baratos, mas comida de verdade pra preparar não é. Carne é bem caro, principalmente galinha.

Eu também tinha o desafio de tentar manter o peso, afinal me livrar de quase 7 em dois meses e meio foi uma puta vitória resultante de muito esforço. Além disso, também precisei lidar com o fato de que a gente só tinha um frigobar para quatro pessoas no apartamento. Não dava pra comprar muita comida, seja de que tipo fosse.

O mais difícil de tudo foi não achar coisas semelhantes ao que tinha no Recife e ir tentando me adaptar. Por exemplo: achocolatado. Não tem Nescau. O mais próximo é o Quick e algumas marcas de chocolate quente. Eu optei pelo segundo, mais em conta. Não tinha leite em pó, então minha banana matinal foi improvisada com chocolate em pó e aveia. Tranquilo.

O suco de laranja pronto era muito bom. Juro! Todas as marcas que provei eram boas. Uma coisa esquisita era o gosto da banana em si. Mesmo inchada, como gosto, não tinha muito sabor.

No geral, eu me alimentei muito bem. Raramente comi fora, só quando viajava mesmo, ou uma vez ou outra. Confiram algumas das delícias.

Café da manhã de sempre: banana, café, suco de laranja, pão, queijo e presunto

Almoço: rosbife, arroz, feijão, cuscuz marroquino e suco

Fiquei apaixonada por esse feijão branco com molho de tomate. Junto com arroz integral, salada e peito de frango na chapa

Aqui o peito de franco foi trocado por frango empanado. Na maioria das vezes, Diet Coke

Arroz, purê, salada verde e frango empanado

Carne, feijão, arroz integral e batata-frita


Macarrão com carne de hambúrguer

Jantar leve: sopa de verdura, pão assado na torradeira, queijo light e chá de pêssego

Nesse aqui, que foi um dos meus últimos jantares por lá, o chá era de camomila

Aqui a sopa era de batata com alho poró. COmprava já pronta

Aquela janta que Tássia fez pra gente

Penne à bolonhesa pra todo mundo: eu que fiz. Ale e Tássia gostaram


Letters from Cork 12 - Cervejas


Meus amigos que curtem tomar uma no Recife e os que já estiveram na Irlanda me recomendaram experimentar todas as cervejas que pudesse enquanto estivesse lá. Mesmo não curtindo cerveja, eu tentei e fiz o que a grana deixava. Afinal, um pint não é menos do que quatro euros. Tomei Coca-Cola pouquíssimas vezes nos pubs, só para alternar com água quando tomava mais cerveja do que tinha planejado...

As cervejas que experimentei variaram da Ale, Red Ale até a escura. Os rótulos seguem abaixo. Heineken lá é a mais barata, mais simples, não registrei, apesar de ter tomado. Saí tendo a Guiness como a preferida, apesar do gosto forte e adocicado.

A melhor coisa que fiz foi ter ido na Guiness Experience. Queria ter feito o mesmo com a Heineken, mas não me movimentei pra isso.

Outra coisa interessante é que é muito comum as pessoas tomarem cidra por lá. Cara, e não chega, claro, nem perto da Cidra Cereser que a gente tem por aqui para substituir o espumante nas festas de fim de ano. Eles vendem como "se fosse cerveja". Confesso que tomar cidra é um perigo... Docinha, levinha, geladinha... A melhor foi essa da garrafa... Meu amigo Agustín já tinha indicado, mas comprovei na prática algumas vezes depois.


Cidra irlandesa, muito gostosinha, mas com gosto mais forte

Hop House 13, da Guiness. Muito legal. Forte, mas leve. 

Essa não curti não... É como se fosse tomar uma Skol por aqui...

Foster larger

Murphy, concorrente da Guiness. Boa, mas a Guiness é melhor.

Koppaberg, cidra fuderosa de boa! Docinha, um perigo! também tem de outros sabores, como de maçã e de maracujá. Essa é de frutas vermelhas.


É a cerveja escura fabricada em Cork. O pessoal lá é bem orgulhoso e sempre indica


Tiger, boa. Não tomei a Corona que está do lado, pra deixar claro.

Experimentei várias na Guiness Experience. A tradicional ainda é a melhor.

Essa foi a red ale que eu experimentei em Dublin. Legal, mais pesadinha, mas legal


Essa é boa. Recomendo!

A Guiness da vitória pós Skelling Michael


Letters from Cork 11 -"Paixão" irlandesa?




Quando eu comentava com as pessoas mais próximas que iria para Cork, na Irlanda, que passaria oito semanas, todo mundo ficava brincando: "-Não volta mais. Vai conhecer um gringo e ficar por lá". Como se o que me movesse para esse sonho fosse a vontade de achar um amor, pra não dizer outra coisa.

Eu sempre ficava rindo porque se nada acontece - eu só me lasco - quando eu domino a língua e conheço os lugares, onde eu fico mais segura, imagine fora do país! Eu realmente estava numa vibe low profile quanto a conhecer caras na Irlanda. Nunca foi meu foco.

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Um ( ) só para contextualizar. Meu histórico recente de relacionamentos não é dos melhores. Há 8 anos meu "casamento" acabou. Fui traída e não aguentava mais ser tolhida, etc. Looonga história. Algumas pessoas conhecem. Passei quatro anos solteira e resolvendo todas as pendências e pontas soltas, meio como naquele filme "Alta fidelidade". Reencontrei o amor num antigo amigo/professor. Foi um relacionamento massa até que o relacionamento passou a não ser prioridade na vida dele. Eu cai fora mesmo ainda gostando muito. Acho que vou ter esse carinho e esse sonho de relacionamento perfeito e idealizado sempre com ele. Depois disso, foi só bola fora, contando com o fato de minha mãe duvidar de minha opção sexual, dizendo que eu nunca dava certo com ninguém - eu sempre terminei os relacionamentos quando eles não estavam mais bons o suficiente - e me cobrar um neto ano passado. Sim, a minha tolerância é pequena, mas eu vou até o meu limite sempre. E ele começa quando eu estou me anulando em favor da relação.

Bem, envolvi-me com dois amigos, caras que já conhecia há anos, que tinha rolado um sentimento, mas que nada tinha acontecido até 2015 e 2016. Apaixonei-me por um deles de doer, como há muito tempo não acontecia. Difícil foi me recuperar. No outro caso foi um baque mais leve porque saquei logo de início o que não aconteceria. Sabe aquela coisa que é melhor manter a amizade do que perder o amigo? É pura verdade. Pelo menos foi nessas circunstâncias.

Depois de mais de um ano no 0x0, foco mesmo no trabalho e no intercâmbio, aconteceu uma inesperada e não planejada paixão linda, correspondida de certa forma, mas impossível de acontecer. Minha "alma gêmea", provavelmente, se é que isso existe, mas impossível de se concretizar. Depois disso, em maio conheci um cara que de tão diferente de mim me chamou atenção. Ajudou no meu propósito de emagrecer, de ficar bem comigo mesma antes da viagem. Mas foi só isso. Agindo tipicamente como quem não está (mais) interessado, foi se afastando, focando em si mesmo. De atencioso extremo - o que me chamou a atenção - a ausente. Então eu viajei de coração fechado, claro. Fecha (  ).

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Em Cork a maioria dos caras é lindo. Mas eu realmente não estava com esse foco e é lenda que eles chegam matando em cima de quem é diferente, ou seja, das brasileiras, que são maioria. Todo mundo muito mais novo.  Eu sempre estava em grupo porque precisava me comunicar. Já tinha feito algumas amizades e me diverti muito assim. Mesmo não aparentando os meus 38 - todo mundo me dava de 23 a 28 -, não estava com essa disposição. Mas é fato que você vai num pub e não sabe para onde olhar. O Deep South é um lugar maravilhoso pra limpar a vista. Mas não foi lá que eu fui apresentada ao irlandês. Foi no Crane Lane. No primeiro dia em que saí em Cork, uma sexta-feira, festa latina e tal. Amigo de um amigo de uma amiga, chegou em mim como diziam que os irlandeses faziam (ele foi o único).

Depois que foi apresentado, perguntou de onde eu vinha, porque tinha escolhido Cork, o que eu fazia, já colocou a mão na minha cintura e pediu meu telefone. Um cara com 28 anos apenas, mas que mostrou ter a atitude que eu sempre espero de alguém que se aproxima com interesse. Foi legal e diferente. Chamou pra dançar, pediu beijo na bochecha e depois um beijo de verdade. Como eu disse, eu não estava lá com esse foco, então tudo seria lucro. Eu falei que o irish era ruivo e tinha olhos verdes azulados? Bom, ele tinha. Era o típico irlandês...

Ele foi embora cedo com o amigo e eu fui pra casa. Esperei ligação e nada... Já estava claro que não rolaria. Quando um cara quer, ele procura. Como eu achava que poderia ser uma oportunidade de praticar conversação com um nativo, eu mandei mensagem e sim, ele respondeu e lembrava de mim. Tentamos marcar algo por umas semanas e nada aconteceu. Eu simplesmente deixei pra lá.

Nesse ínterim, eu estreitei os laços com um amigo do meu flatmate. Coreano, 1,85m, lindo, figura de energia positiva, engraçado, inteligente e nerdão, secão por Game of Thrones... Eu fiquei meio admiradinha demais e, depois de tomar uma cerveja com ele numa aula de dança irlandesa, resolvi chamar pra ir ao cinema. Depois para tomar um café. Não deu certo. Segundo meu amigo, ele tinha saído de um relacionamento à distância meio traumático e não tava ali em Cork pra isso. Pelo menos não comigo, né? Aquela desculpa clássica e educada que se dá quando não se tem interesse. Pelo menos deixou claro, né?

Quem tirou a foto do elefante colorido com a gordinha foi o irlandês

Essa foi a praia de Inchydoney, em West Cork, que ele me levou. Linda, mas vento que só... 


No fim das contas, eu só soube disso depois que, do nada, o irish fez contato. Ele sempre fazia e sumia. Mas dessa vez, ele chamou pra sair. Eu fui, claro. E ficamos novamente. Rolou química. Depois, o contato foi mais frequente, mas sempre no tempo dele. Eu cansada disso ficava sempre na minha. Afinal não queria me envolver. Ele reapareceu três dias depois, no dia em que Fiona teve o problema de saúde e foi operada. Eu não estava com cabeça pra nada, mas depois que soube que a cirurgia tinha corrido bem e ela estava estável, eu tentei relaxar e saí com ele. No dia seguinte, ele me levou pra uma praia linda em Cork. Tomamos café da manhã num pub de um hotel, conversamos sobre nossas famílias, trabalho - ele é engenheiro e trabalha na concessionária de energia de lá, tem mestrado, já tinha morado em Londres e nos EUA, sem falar que é jogador de hurling, esporte típico da Irlanda. Não curtia música, filmes e seriados como eu, mas o resto tava de bom tamanho.

Ele demonstrava tanto prazer em estar na minha companhia, como diria o Lulu Santos, que eu também passei a querer o mesmo. Criei expectativa e fudeu... Depois disso ele sumiu, pra variar. Tínhamos marcado de nos vermos alguns dias depois, mas ele disse que estava doente. E seria minha penúltima semana lá. Enfim, eu fiquei muito chateada porque não nos vimos mais.

Fui pra Paris com o coração apertado por Fiona, mas também com a sensação de que algo mais poderia ter acontecido e sem entender os motivos. Eu fiquei na minha, não falei mais nada. Eu detesto ficar no váculo. Prefiro a verdade sempre, mesmo que doa. Não foi mais bonito o outro cara dar uma explicação plausível?

Eu só sei que de Londres eu mandei uma mensagem, pois não aguentei mais. Ele finalmente respondeu se desculpando por não ter "voltado pra mim", dizendo que estava para escrever há um tempo, mas não se explicou. Disse também que definitivamente eu mantivesse contato e que tinha gostado do  nosso tempo juntos. Eu sabia que tinha, por isso pra mim nada daquilo fazia sentido. Disse ainda pra eu me cuidar.

Dia desses, mandei uma mensagem dizendo que todas as vezes que ouvia a música "Galway Girl", do Ed Sheeran, lembrava dele. Como não associar? A garota de Galway que se apaixona pelo cara da Inglaterra? Poderia ser o cara de Cork que se apaixonou pela brasileira, né não? hahahaha Muita viagem... Eu fiz contato novamente puxando papo, mas nada sentimental, sabe? Pra saber como ele tava, se tinha gostado da mudança de trabalho, como estavam as partidas de hurling... Falei do furacão que poderia atingir a Irlanda e nada. Foi a última vez.

Eu, no final das contas, me envolvi realmente, mas sem planejar, com a possibilidade de viver algo real novamente. Em alguns momentos pareceu filme. Foi muito legal. Foi meio mágico... Virou mais uma história dessa minha aventura além mar.


sexta-feira, 13 de outubro de 2017

Letters from Milão - Matando a saudade


Quando se tem pessoas importantes na sua vida você faz coisas que não faria por outro ser humano, não é? Pois minha ida até Milão tem um pouco desse tempero. Eu poderia ter ficado a semana toda em Londres, que era o grande sonho de minha vida ali na Europa, mas o amor e a saudade falaram mais alto. Eu fui pra Milão ver minha amiga Rita Milani, tão importante na minha adolescência. Acho que ela sabe disso, mas não tem noção do quanto.



Eu já cheguei perdendo o trem. Espero que ela tenha me perdoado porque não foi minha última confusão com horário e transporte público... Rolou uma confusão com a plataforma de embarque, mas peguei o trem seguinte e deu tudo certo. Mais uma daqueles quase momentos em que você tem que fazer mímica, mas rolou um "Io non parlo italiano" e me ofereceram o inglês para explicar onde ficava a plataforma correta. No trem, mais um anjo em forma de senhorinha para confirmar que eu estava na linha correta. Ela, assim como a senhorinha francesa, indicou que avisaria qual seria a minha estação. Transmissão de pensamento mais uma vez.

Só sei que avistei Ritinha (Tinha) já de longe e meus olhos não se envergonharam em soltar as primeiras lágrimas em território italiano. Foi um abraço longo, emocionado, com o pequeno Lorenzo entre nós. Fazendo as contas fazia praticamente 5 anos que não a via. A gente se falava sempre que possível, mas vê-la linda, feliz e mãe foi uma imensa alegria. Ela dirigiu ate Arese, cidade onde mora. Muito fofa e tranquila, mega arborizada. Adorei o clima.

Além de me hospedar super bem, Rita não deixou que eu comprasse nada para colaborar. Fez minha comida preferida na época da adolescência (lasanha) e preparou uma sobremesa típica italiana: o tiramisu. Também me mimou com presentes de Star Wars e ainda fez cuscuz com ovo. Não tinha como eu não me sentir quase em casa novamente. Sem falar em tentar ajudar, como possível, com o Lorenzo! Coisa linda de titia! Conseguimos conversar sobre tantas coisas... Faltaram tantas... A gente ainda tem uma vida toda pela frente. Espero que não passemos tanto tempo mais sem nos vermos.

Cuscuz com ovo

Lasanha bolonhesa de verdade!

O fabuloso tiramisu


Tinha também deu o tom do que eu deveria ver em Milão. Eu tinha feito um roteiro básico, assim como em Paris e Londres. Consegui cumprir dentro do horário e ainda voltar pra casa para trabalhar. Algumas circunstâncias me fizeram mudar o roteiro na Itália, que incluia um dia em Florença. Paciência. Na próxima eu passo mais dias em todos os lugares. Vou incluir Roma, Versalhes e, claro, o Vaticano. Preciso refazer os paços de Robert Langdon.

Voltando a Milão, o dia começou na Catedral de Milão ou Duomo, uma das igrejas mais lindas que já vi. Essa eu fiz questão de pagar para entrar e explorar até a cobertura. A energia era tão positiva que me encheu de emoção. Achei que era a hora de ajoelhar perante o altar e rezar. Agradecer que tudo que planejei deu certo, que estava com saúde, que em casa estava tudo bem apesar do susto com Fiona, entre tantas outras coisas pelas quais era grata. Rezei tudo que eu sabia, improvisei. Não sei quanto tempo durou isso, mas acalmou meu coração.

Duomo: que belo!

A nave da Catedral de Milão: fenomenal! Iluminada em todos os sentidos!

O teto do Duomo

O órgão da igreja

A vista da praça em frente ao Duomo

Vitrais nesse nível de detalhamento de cenas bíblicas

Reprodução da  Madonnina, estátua da Virgem Maria, que fica sobre a cúpula do Duomo


Depois do Duomo, fui procurar o Luini, local tradicional onde tinha que comer o Panzerotto, uma espécie de pastel que é bem gostoso. Foi meu almoço! :)

Fila pra comprar o famoso Panzerotto

Luini 

Almoço na frente do Duomo de Milão

Na sequência, andei alguns metros para conhecer a Galleria Vittorio Emanuele II. Linda, cheia de restaurantes e lojas chiquérrimas. Mas o que eu perdi tempo mesmo foi no Museu de Leonardo da Vinci. Já que eu não ia para Florença... Infelizmente não pude registrar nada, mas sai de lá mais fã ainda desse italiano que, além de ser pintor, engenheiro, inventor, também era engenheiro de armas...

Fachada da Galleria Vittorio Emanuele II

Área interna da galeria. Do piso ao teto é pura perfeição

Lojinhas baratinhas... Prada e....

... Versace!

De lá, andei pelas principais ruas de Milão até chegar ao Castelo Sforzesco. A estrutura é linda, mas achei as exposições fracas. Vi a Pietá, do Michelangelo. Mas a parte que tinha mais coisas do Da Vinci estava aparentemente em reforma. Eu tinha pouco tempo a perder, então não vi a exposição de instrumentos musicais. Fui direto para o Parque Sempione, que realmente era meio esquisito como Rita tinha indicado, e finalizei no Arco della Pace (Arco da Paz).



Fonte em frente ao Castelo Sforzesco

O castelo... Lindo!


Clica pra ver a panorâmica interna. O Castelo Sforzesco é enorme!

A Pietá, de Michelângelo

Parque Sempione 1

Parque Sempione 2

Arco della Pace (Arco da Paz)


Voltei andando quase tudo denovo até chegar na estação do Duomo. Tomei um sorvete de iogurte com chocolate 70% e voltei pra casa pra trabalhar.



Os outros dias foram divididos entre curtir Rita, Lorenzo e o trabalho e a preparação para o retorno para casa. A despedida da minha amiga não foi fácil. Nenhuma foi fácil até agora.