domingo, 20 de agosto de 2017

Letters from Cork 9 - Blarney, Cobh e Fota Wild Park


Eu no Crane Lane

Esse fim de semana foi movimentado. Começou com a minha primeira ida a um pub, o Crane Lane. À convite da Alinne, da minha turma, fui conhecer o local que, nas sextas, tem festa de música latina. Essa semana ela já tinha me chamado para companhar o grupo com quem ela joga vôlei, mas não deu certo. O pub deu. Curti o local e voltarei pois não cobra entrada. Já soube que é massa aos sábados. Iríamos para uma boate depois, a Vodoo, mas não rolou pra mim. 

O fato é que tínhamos combinado de fazer juntas um passeio para o Blarney Castle, Cobh, cidade portuária próxima daqui, e a ida ao Fota Wild Park, o zoológico de Cork. Lá eu vi uma série de animais que nunca tinha visto na vida, só em filme/documentário: uma série de espécies de macacos, suricatos, zebras, cangurus, rinoceronte, pinguins, tigre, flamingo, panda vermelho e, claro, girafas! Eu fui basicamente lá por elas! Confiram as fotos. :) Foi um dia bem corrido, cansativo e legal. 


Caminho até o Blarney Castle

Eu e a Alinne 

Ruínas do castelo vistas de dentro dele


Jardim das plantas venenosas

Uma das torres de vigilância do castelo e uma árvore linda com os galhos invertidos

Os jardins nos arredores da propriedade eram todos assim

Arruando em Cobh

Avenida principal de Cobh

Marina de Cobh com o porto ao fundo

Museu do Titanic. O transatlântico que nem Deus afundaria teve sua última parada antes da derradeira viagem no porto de Cobh. Eu sou meio puta com a história, não visitei o museu


Mas fiz umas fotinhos...

Na loja de suvenirs do museu esse livro...

Uma das lembrancinhas emblemáticas disponíveis no local: o colar da Rose, personagem da Kate Winslet no aclamado filme Titanic

Porto de Cobh

Momento se fui pobre não me lembro com a vista do porto

 Almoçamos  no Quays Bar e Restaurant. Comida apimentada da porra! Minha primeira cidra irlandesa. Eles tomam aqui como tomamos cerveja e outras bebidas aí


Feliz por ver bichinhos no Fota Wild Park. O zoo é enorme!! 

Tigrão lindo! 

Esse pavão se amostrando bem pertinho da gente

Lago bem no centro do zoo. Ilha de aves e macacos diversos!

Vi pela primeira vez pinguins ao vivo. Passaria a tarde olhando pra eles...

Adorei esses macacos... Cara de "chegou a segunda-feira"

Essas cheetas estavam posando para as fotos. Lembram leopardos... Gatinhos lindos!

Maior alegria do dia! Girafas!!

Linda!!!!!

Criança feliz vendo as girafas se cocando... :)

Por último, demos uma parada na Jameson, mas não deu tempo de fazer o passeio na destilaria de whisky. Eu preferi ver os bichinhos rs



Letters from Cork 8 - Chegadas e partidas


Ouvindo: We don´t talk anymore - Selena Gomez ft Charlie Puth (atualizado em 21/8)

Primeira conformação aqui no apartamento nas minhas três primeiras semanas: Isaac (RJ/Brasil), Alejandro (ES), eu e Agustín (Servilha/ES)

Antes de vir pra Cork, muito antes, quando essa possibilidade de concretizou e eu comecei a compartilhar com algumas pessoas, além delas ficarem felizes por mim, quem já tinha tido a experiência de viver um tempo fora compartilhou comigo suas impressões. Uma dessas pessoas foi o Gustavo Ramos, estudante de jornalismo que trabalha comigo na Combogó e é o meu "dragson", ou seja, meu estagiário mais próximo. A gente acaba trocando experiências: eu tento transferir um pouco do que sei da profissão, e ele o pouco do que sabe da vida. Mas ele já fez dois intercâmbios na vida, então, além de me dar uma força medonha, compartilhou que, quando se está fora, além de precisar viver imensamente todos os momento, você experimenta vários sentimentos e sensações de forma muito mais exacerbada. O tempo parece ser muito maior, ou seja, uma semana é um mês. Isso acontece quando você faz amizades e essas pessoas vão embora... 

Guga, você estava certíssimo! Essa semana eu estou vivendo isso na pele, literalmente. 

Primeiro foi uma saudade tremenda de casa na última quinta-feira. Liguei pra casa praticamente chorando. É... junta essa loucura toda do outro lado do Atlântico com TPM pra você ver... Chocolate e lágrimas, no mínimo... ;)

Depois o fim das aulas com o professor Niall O´Sullivan. Irlandês típico, 29, mas com um senso de humor, sarcasmo e talento pra ensinar fora de série. Professor de Ciências na vida real, então explica. Gostaria de tê-lo conhecido melhor, trocado ideia. Mas não deu tempo. Não rolou essa oportunidade. Foram três semanas divertidas em sala de aula. Apesar de quase ele não me acionar em sala de aula, o que me deixou frustrada principalmente na última semana, foi um excelente professor. Revisei muita coisa que precisava e aprendi coisas novas (tanto que essa semana que entra mudaram minha turma: saio do intermediário 2/B2 para o avançado 1/C1!).

Fizemos uma surpresa pra ele no último dia de aula que foi comentada por toda Cork English Academy. Infelizmente, por uma bobeira e "falta de entendimento de minha parte", acabei perdendo a despedida  dele em um pub aqui bem perto do apartamento. 

O Naill é esse apontando pra o quadro branco surpreso com a despedida (fareweel) 

Minha primeira turma na Cork English Academy, formada por brasileiros, em sua maioria, dois mexicanos, uma uruguaia, um espanhol, um alemão e um italiano. 
O Naill é o barbudo/ruivo no centro da foto. 

O pior está sendo - está no gerúndio porque estou vivenciando no momento - a despedida do Agustito, um dos espanhóis que moram aqui no apartamento. Quer dizer, morava. Ele deixou o apto hoje às 8h da manhã. 

Ontem tomamos uma cerveja juntos no pub aqui da frente do apto

A despedida continuou em casa...

Aquele abraço de até um dia... O primeiro, porque hoje eu acordei cedo
mesmo tendo ido dormir tarde (2h) pra desejar boa viagem

Nosso passeio no Charles Fort, em Kinsale

Eu servindo de cabide para as coisas do Tito enquanto ele posava para fotos. Figura! 

Depois de um mês aqui, Agustín voltou pra casa. Eu o conheci há apenas 3 semanas, mas foi a pessoa de quem mais me aproximei, mesmo não conseguindo nos entender direito na primeira semana que passei aqui, com uma diferença de idade tão grande (ele faz 21 em novembro, tem idade pra ser meu filho) e termos pouquíssimo em comum. 

Era com o "Tito" que eu ficava em casa revisando os conteúdos do dia na mesa da cozinha e a gente tentava conversar sobre ele, sobre mim, sobre as aulas, sobre nossa mania de organização e limpeza. A gente acabou falando das famílias, do trabalho (ele está buscando se tornar comissário de voo), trocando informações sobre música, ouvindo música juntos. Só sai com ele uma vez, quando fomos para Kinsale, além da despedida de ontem.

Eu fiquei meio que sendo "tutora", porque ele não falava quase nada quando chegou aqui e ontem saiu desenrolando muita coisa, falando, discutindo. Orgulhosa de sua evolução e na torcida que dê tudo certo na entrevista de emprego que fará dia 10/9. E já muito saudosa das risadas também. Foram muitas, muitas mesmo principalmente com a mistura de inglês, espanhol e português que rolava. 

Essa semana a família dele veio buscá-lo e conheci todo mundo. Aí você descobre de onde vem o caráter das pessoas... D. Sônia, sr. Agustín, a namorada e a irmã dele... Enfim, uma família adorável. A mãe dele agradeceu bastante por "eu ter cuidado dele" e me chamou pra visitá-los quando for à Espanha, um dia. Olha aí: já tenho onde passar férias: em Servilha! A Feria (festa típica deles, realizada em abril) que me aguarde! rs

Eu fiz um cartão de despedida pra ele e ele fez um pra mim também. Entregou no dia anterior da partida, mas disse pra abrir apenas quando ele chegasse na Espanha. Que me avisaria... Tô esperando aqui pra ler... Sacanagem fazer isso com uma jornalista. 

Sinto por vê-lo ir embora. Sentiremos sua falta. Saúde. Até logo. Mantenha contato. Cuidado. Tudo de bom. 

O cartão que comprei pra ele diz: "Esse lugar não vai ser o mesmo sem você". Eu escrevi o seguinte: Agustito, foi realmente uma grande satisfação conhecê-lo. Obrigada por todo o apoio e amizade nessas três semanas. Muito obrigada. Vou sentir falta da nossa conversa nos fins de tarde enquanto revisávamos as lições da escola. Não vou esquecer como ríamos tentando entender um ao outro. Estou feliz e orgulhosa da sua evolução. Espero que você realize todos os planos pra sua vida e sonhos. Você é um grande homem. Não mude. Seja sempre esse grande filho, irmão, amigo e namorado. Se algum dia você for ao Brasil, espero que você visite Pernambuco. Obrigada por ser meu melhor amigo em Cork. Vou sentir saudades. Seja feliz e tenha uma excelente viagem. Beijos, Bruna Cruz. 


(atualização)
Á noite, depois de chegar em Servilha, Agustito mandou mensagem dizendo que eu tinha que ir até o frigobar e tomar a cerveja que ele tinha deixado pra mim e só depois abrir o cartão dele. Eu tinha acabado de beber no pub aqui da esquina e prometi que beberia em outro momento e mandaria uma foto. Ele liberou a abertura e olha que coisa mais fofa. 


É uma foto dele com uma mensagem no verso que diz o seguinte: "Para uma grande amiga, do Agustito. Como começar a dizer que vou vê-la em breve. Primeiro, obrigada mil vezes por tudo. Você é uma grande pessoa e única. Vou sentir muito a sua falta. Eu só espero vê-la em breve, talvez na Espanha, Brasil ou em um avião. Lembre que você sempre terá um amigo para o que precisar. Guarde essa foto e lembre-se disso. Esse é o começo de uma grande amizade. Beijos". 

Pra quem adora receber essas coisas pra mim foi perfeito. Emoção pura. Muita verdade da parte dele também. 

Teve um dia que tentamos fazer um jogo de trava língua com o Alejandro e o Isaac, o brasileiro que morava aqui até ontem também, e foi hilário. "Me cago em tus muertos", Tito! (inside joke!) :D Miss you! 

Isaac vai ficar aqui mais tempo, então devemos nos encontrar pela escola, pela rua. Carioca, 24 anos, economista, veio tentar a vida aqui. Estudar e trabalhar. Jantamos pizza na sexta e conversamos muito, inclusive sobre teorias relacionadas ao seriado Game of Thrones. Sucesso pra ti também, Isaac!

Pizza com chá gelado com Isaac, na sexta


Aqui vivemos uma vida paralela que acontece por um tempo determinado. Você sai da sua realidade, vive longe de tudo que lhe é familiar, e depois, no meu caso, volta. E geralmente valoriza tudo que havia ficado para trás. Espero que isso realmente aconteça. 

sexta-feira, 18 de agosto de 2017

Letters from Kerry 2 - Skellig Michael Islands


Cena de Star Wars: pisei no mesmo solo que eles... 

Eu passei dias pensando em como dividiria essa experiência com vocês. Já faz quase uma semana que a viagem para Portmagee aconteceu e, quando eu penso nela me pergunto se foi realmente realidade. 

Antes de tentar relatar e mostrar um pouco como foi, acho importante contextualizar brevemente o que são as Skellig Michael Islands, as Ilhas Skellig Michael. Sim, são duas, a Skellig Michael e a Small Skellig.  Elas ficam a 8 milhas da costa, no Oceano Atlântico. É possível chegar até lá de barco (quase uma hora) a partir do condado de Kerry, no sudoeste da Irlanda. Eu fui a partir de Portmagee, uma vila pesqueira. É possível ir de outro local, a Valentia Island.

Na "big" Skellig, que tem 17 hectares, fica situado o sítio arqueológico do mosteiro de monges cristãos irlandeses construído no ano 588 e considerado como Patrimônio Histórico da Humanidade pela UNESCO em 1996. O local foi usado como cenário de "Star Wars - Episódio VII: O despertar da força", cena onde Rey encontra Luke. Também foi usada para gravar as cenas do próximo filme da série "Star Wars - Episódio VIII - Os últimos Jedi", que será lançado em dezembro.




Skellig Cruize, o barco que me levou à "Ilha de Star Wars"

Fui uma das 12 passageiras dos cinco barcos que vi zarpar de Portmagee. Saí da vila muito emocionada e feliz porque o tempo estava excelente! 


Deixando a vila pra trás. O mar estava flat, perfeito para navegar. :)

Começando a entrar no oceano...

Aí você avista a Skellig e vai lembrando da cena do filme de Rey chegando na Millenium Falcon

Obviamente, essas outras ilhas não existem no cenário real... Só uma delas... 



Há uma espécie de píer para os barcos atracarem. Mas isso só é possível de maio a outubro, mais ou menos, por conta das condições climáticas


Do píer, a jornada começa com uma caminhada de cerca de 10 minutos até o ponto de subida para o monastério 

Há uma parte do caminho coberta, para evitar acidentes

Nesse ponto, a guia dá todas as instruções de segurança e a subida começa. São 600 degraus em uma estrutura de pedras encaixadas até o pico (mais de 200 metros de subida)

Por uma questão de segurança, eu fiquei muito focada na subida realmente, em mentalizar que eu conseguiria chegar lá em cima. Minha coluna não doeu, mas minhas coxas arderam em alguns momentos. Eu parei duas vezes na subida para pegar fôlego e dar uma descansada. 

A terceira parada da sumida foi especial. Eu me emocionei bastante vocês imaginam o motivo? 

Reprodução da cena de Star Wars, O despertar da força

Essa panorâmica fui eu que fiz

Essa sou eu depois de ter chorado horrores quando reconheci o local. A Força estava comigo. Eu relaxei e chorei por tudo que conseguir realizar até agora...

Olha que beleza a natureza esculpiu...

Depois da parada, eu tomei água e continuei subindo até chegar ao monastério propriamente dito. 


Antes de chegar no monastério, uma paradinha para registrar a belíssima Small Skellig

A entrada no monastério onde os monges moraram no século VI. Imaginem as condições que enfrentaram para chegar até o local... Para construir as escadarias e tudo o mais... 


Chegando no monastério e a vista...

Originalmente era um grupo de seis celas em formato de colmeia. Lembra as nossas ocas ou os iglus dos esquimós

Essa era a maior das colmeias. Pela explanação, parece que era o local central onde preparavam e se reuniam para se alimentar



Aquela paradinha para ouvir o guia explicar tudo e dar uma descansada



A entrada da colmeia

O ambiente da cela é muito úmido, frio... Realmente é preciso ter um desprendimento enorme para viver num local assim

Eu dei uma experimentada, entrei na cela, pensei em dar uma meditada, mas... a umidade + lodo + minha alergia não combinam... 




Melhor fazer gracinha de outra forma...

O oratório em formato de barco

Os monges estavam certos com a escolha do lugar para estar mais próximos de Deus. Diz a história que eles ficaram na ilha até o século XII, quando se uniram aos monges agostinianos no continente. Além das dificuldades naturais, eles também enfrentaram em alguns momentos conflitos e sequestros de vikings... Eram considerados homens sagrados, então muitas vezes capturados e mortos como forma de barganha. 

Tínhamos cerca de duas horas e meia para ficar na ilha. A subida dura uns 50 minutos. Lá em cima, você fica uma meia hora parte ouvindo o guia. Depois foi aproveitar o momento, sentir a energia fantástica do lugar é hora de voltar. A descida é mais rápida, mas com mais paradas. 

 Cara de felicidade pela realização

A vegetação que cobre a ilha é bem rasteira...

... mas cheia de flores branquinhas e amarelas

Eu e a Little Skelig



O tamanho dos degraus varia muito trecho a trecho. Há uns locais com curvas bem acentuadas. É preciso ter bastante cuidado

Claro que eu pedi para fazerem uma foto minha imitando a Rey...

Dá pra ver que deram uma bela modificada no ângulo e nos elementos do fundo da imagem

Nesse ângulo dá pra ver onde foi que a Millenium Falcon aterrisou... (kkkkkk)

Dá pra ver que é o mesmo lugar... ;)


Os detalhes dos arredores

No caminho de volta pro barco a Little Skellig

Luke e Rey nos acompanhando :)


A aventura termina quando a gente chega bem perto da Small Skellig. Ela tem uma área de 7 hectares habitada por aves marinhas. Essa "crosta" branca que você vê é pura vida. 








A visão das duas ilhas na volta pra o continente



O dia começou perfeito e terminou perfeito. O tempo só mudou na volta pra o continente. Chuva, muito vendo, frio pra se acabar. 

Passa um filme literalmente na cabeça de cada momentinho desses. Cada aperreio, cada incerteza e cada Euro valeram a pena. Esse foi O passeio das férias. 

Que a Força dos monges de Skellig esteja sempre com vocês!