sexta-feira, 31 de dezembro de 2010

A passagem do ano

Lembrei do início dessa poesia do Drummond sobre a passagem do ano... Como tantas outras, essa é magnífica. Peço desculpas, meus dois leitores e meio, três, mas até que as palavras entrem na ordem correta na minha cabeça e eu consiga expressar adequadamente o que representa essa virada, ficarei, em parte, com o lugar comum do desejo de um ano novo em que sejamos (eu, vocês e nossas famílias e amigos) abençoados por Deus e cobertos por luz, paciência, tolerância, amor, coerência e muita saúde. As demais reflexões deixo ao sabor das palavras do mestre...

A passagem do ano

O último dia do ano
não é o último dia do tempo.
Outros dias virão
e novas coxas e ventres te comunicarão o calor da vida.


Beijarás bocas, rasgarás papéis,
farás viagens e tantas celebrações
de aniversário, formatura, promoção, glória, doce morte com sinfonia e coral,
que o tempo ficará repleto e não ouvirás o clamor,
os irreparáveis uivos
do lobo, na solidão.

O último dia do tempo
não é o último dia de tudo.
Fica sempre uma franja de vida
onde se sentam dois homens.
Um homem e seu contrário,
uma mulher e seu pé,
um corpo e sua memória,
um olhar e seu brilho,
uma voz e seu eco,
e quem sabe até se Deus...
Recebe com simplicidade este presente do acaso.

Mereceste viver mais um ano.
Desejarias viver sempre e esgotar a borra dos séculos.
Teu pai morreu, teu avô também.
Em ti mesmo muita coisa já expirou, outras expreitam a morte,
mas estás vivo. Ainda uma vez estás vivo,
e de copo na mão
esperas amanhecer.
O recurso de se embriagar.
O recurso da dança e do grito,
o recurso da bola colorida,
o recurso de Kant e da poesia,
todos eles...e nenhum resolve.

Surge a manhã de um novo ano.
As coisas estão limpas, ordenadas.
O corpo gasta renova-se em espuma.
Todos os sentidos alerta funcionam.
A boca está comendo vida.
A boca está entupida de vida.
A vida escorre da boca,
lambuza as mãos, a calçada.
A vida é gorda, oleosa, mortal, sub-reptícia.

Carlos Drummond de Andrade
(1902-1987)

quarta-feira, 29 de dezembro de 2010

Nada além de uma ilusão

Composição: Custódio Mesquita e Mário Lago

Nada além
Nada além de uma ilusão
Chega bem
E é demais para o meu coração
Acreditando em tudo que o amor
Mentindo sempre diz
E vou vivendo assim feliz
Na ilusão de ser feliz

Se o amor
Só nos causa sofrimento e dor
É melhor
Bem melhor a ilusão do amor
Eu não quero e não peço
Para o meu coração
Nada além de uma linda ilusão

sábado, 25 de dezembro de 2010

Dúvidas

Que desculpa é suficiente para remediar uma falha que, mesmo tendo sido cometida não representava um erro propriamente dito?

Depois que você mostra o que deseja, pode voltar atrás e mudar de ideia?

“Embora ninguém possa voltar atrás e fazer um novo começo, qualquer um pode começar agora e fazer um novo fim”.... (Chico Xavier)

Adeus


Encantamento sem medida e sem explicação
Integração aparente sem razão
Mergulho de cabeça, por um lado
Nula responsabilidade emocional, de outro
Certo ou errado querer, difícil dizer

Exagero na tinta das cobranças
Precipitação na demonstração das expectativas
Erro na tentativa de mostrar as possibilidades do real
Na interpretação do bem querer
Diante da inconstância e distância
Do interesse, do querer ser um pouco mais
O egoísmo mútuo fora o algoz
A incompreensão a saída
O distanciamento o fim

Argumentos mil poderiam tentar convencer que o adeus não é solução
O bem de ambos depende dessa definição
Cedo, tarde, não há como saber
Só com o tempo irão perceber
Lebewohl...

quarta-feira, 22 de dezembro de 2010

Sonho Bom




Gram
Composição: Sérgio Guilherme Filho/Marco Loschiavo

Acordei de um sonho bom
Que eu queria gravar
Pra poder mostrar pra alguém
Que pudesse apontar
De onde vem esse anjo?
Com quem sonhei?

Reconheço aquele olhar
E o que havia em volta
Mas se é tão familiar
Quero essa resposta
Quem mandou esse anjo?
Com quem sonhei? Diz pra mim...

Ela veio e linda me tirou pra namorar
Mas foi só um beijo que fez-me despertar
Quero reprisar
O sonho bom
De onde vem? Tão angelical...
É por isso que eu sonhei

Ela veio e linda me tirou pra namorar
Mas foi só um beijo que fez-me despertar
Quero reprisar
Esse sonho bom

domingo, 19 de dezembro de 2010

Eu acredito

“Ela acreditava em anjo e, porque acreditava, eles existiam”.
Clarice Lispector (A Hora da Estrela)

segunda-feira, 13 de dezembro de 2010

Tudo

"Eu pensei que mãos dadas não eram nada, mas mãos dadas são tudo..."

(autor conhecido, mas esquecido)

domingo, 12 de dezembro de 2010

E o pulso ainda pulsa...

Paracetamol, AAS, cetoprofeno, dipirona...

Os últimos dias têm sido de experimentação farmacêutica contra as dores de cabeça que estão me atormentando. Da fronte à nuca dói. Mas os comprimidos agem apenas como paleativos.

Tem horas que eu acho a cabeça vai explodir. Tonturas, sono, calmaria, mais dor, irritabilidade, sensibilidade à luz, ao barulho. Consigo me concentrar um pouco, faço algo. Depois volta a dor.

Sem coragem de ir ao médico...

Pra Dizer Adeus

Titãs
Composição: Tony Belotto


 Você apareceu do nada
E você mexeu demais comigo
Não quero ser só mais um amigo
Você nunca me viu sozinho
E você nunca me ouviu chorar
Não dá prá imaginar quando
É cedo ou tarde demais
Prá dizer adeus
Prá dizer jamais

Às vezes fico assim pensando
Essa distância é tão ruim
Porque você não vem prá mim?
Eu já fiquei tão mal sozinho
Eu já tentei, eu quis chamar
Não dá prá imaginar quando
É cedo ou tarde demais
Prá dizer adeus
Prá dizer jamais

Eu já fiquei tão mal sozinho
Eu já tentei, eu quis...
Não dá prá imaginar quando
É cedo ou tarde demais
Prá dizer adeus
Prá dizer jamais

É cedo ou tarde demais...

domingo, 5 de dezembro de 2010

Alguém como tu

 




Alguém como tu,
Assim como tu,
Eu preciso encontrar
Alguém sempre meu
De olhar como o teu
Que me faça sonhar...
Amores eu sei
Na vida eu achei e perdi...
Mas nunca ninguém desejei
Como desejo a ti...
Se tudo acabou,
Se o amor já passou
Há de o sonho ficar
Sozinho estarei
E alguém eu irei procurar
Eu sei que outro amor posso ter
E um novo romance viver
Mas sei que também
Assim como tu mais ninguém

(Composição: Jair Amorim/ José Maria Abreu)

sábado, 4 de dezembro de 2010

2010 foi em ré




Ah 2010, porque você não acaba logo?
A torcida é tamanha...
Não, não. Seus 12 meses não foram difíceis.
É porque você foi um ano em ré.
Não, não. Nada a ver com o despertar do meu talento para a música.
2010, você foi um ano de recomeço...

De reequilíbrio...
De reflexão...
De redescoberta...
De reconhecimento...
De reconciliação...
De resgate...
De recrudescimento...
De redenção...
De reconstrução...
De reforma..
De reencontro...
Comigo, com você e com a vida.

Que 2011 seja de dós, rés, mis, fás, sois, lás e sis.
Que os anos que venham sejam uma grande sinfonia!

Juízo?

Essa semana alguém me disse uma coisa que me deixou intrigada: - Juízo, heim?!

Mesmo que tenha sido em tom de brincadeira, esse “conselho” me intrigou.

Fora minha mãe – é de praxe, todas elas dizem a mesma coisa sempre – ninguém tinha brincado com isso há tempos. E como foi de alguém que me conhece pouquíssimo, não saberia dizer até que ponto isso foi aquela brincadeira com fundo de seriedade.

O engraçado é que eu sempre tive tino, bom senso, ponderação ou todos os outros significados que esta palavra possa ter. Grilo falante, alter ego, seja lá o que for, eu sempre fui o ponto de equilíbrio, ou melhor,a chata, a que pensava duas vezes, a que deixava de fazer sempre achando que algo ia acontecer. Mas é fato: estou mudando minha forma de agir. Primeiro porque não tenho nada a ver com a vida de ninguém. Segundo porque estou tentando aproveitar coisas que antes não curtia suficientemente.

Mas tem horas que me surpreendo comigo mesma, com as minhas atitudes. Me pego seguindo os meus instintos e satisfazendo as minhas vontades, das mais simples, as materiais, às mais loucas. Naquele ritmo de se arrepender do que foi feito e não do que deixei por fazer. E claro, obviamente, também me questiono: Será que estou perdendo um pouco o juízo? Será que ele está “saindo da cabeça, tomando o corpo e vai acabar no pé”? Será que estou seguindo o que diz a música dos Menudos, “não se reprima”?

Dia desses eu virei pro meu sobrinho e disse: menino, toma juízo! Ele virou pra mim e disse: tia, eu até que tentei, mas só tinha vodka! Eu acho que agora é por aí! haahaha!

Trechos de Não se reprima, dos Menudos, para refletir:

“Não segure muito teus instintos
Porque isso não é natural
Sai do sério, fala alto, dá um grito forte,
Quando queira gritar
É saudável, relaxante, recupera
E faz bem a cabeça”...

“Vá em frente, entra numa boa
Porque a vida é uma festa
Não controle, não domine, não modere
Tudo isso faz muito mal
Deixe que a mente se relaxe
Faça o que mandar o coração”...

“Chega de fugir, de se esconder
E de deixar a vida pra depois
Não persiste mais, se o mundo gira,
O tempo corre, nada vai te esperar
Entra de cabeça nos seus sonhos
Só assim você vai ser feliz”.

terça-feira, 30 de novembro de 2010

Alerta

Teus olhos e boca têm um mistério que dão prazer de desvendar. Tuas palavras, por vezes vazias, teu silêncio natural, fazem eu querer me aproximar. Tua falta de atenção, teu desapego, teu paradoxo, tua imprecisão... aguçam meu jeito curioso de ser... Atiçam ainda mais o meu querer.

Meu coração diz pra eu ficar, ter mais paciência, esperar. Já minha razão diz pra eu cair fora, sem nem mesmo avisar...

Pensamentos


Cabeça fervilhando de pensamentos.
A maioria sem pé ou cabeça.
Conclusões sem fundamento.
Do que se passa, entendo pouco,
mas muito gostaria de compreender.
A oferta de serenidade em tempos de (re) descoberta é escassa.
 Por isso um favor me faça: seja transparente.
Não me chegue, assim, de repente, pra dizer que não, não é bem assim.
Se desejar entrar, ficar, que entre, que fique.
 Mostre o que há, o que é, o que quer, o que sente.
Se não, vá, vá logo.
O quanto antes, antes que eu me identifique,
que gostando de você eu fique, antes de me magoar.

domingo, 28 de novembro de 2010

Tecnologia: tudo muda muito rápido

“Um dia, Douglas Adams, genial e prematuramente falecido autor de Mochileiro das Galáxias, criou um provérbio sobre as mudanças, principalmente tecnológicas, cada vez mais rápidas no mundo ao nosso redor.
A tradução livre do que Adams escreveu é a seguinte: “tudo o que já existia no mundo antes de nascermos é absolutamente natural; as novidades que aparecem enquanto somos jovens são uma grande oportunidade e,
com alguma sorte, podem até ser uma carreira a seguir; mas tudo que aparece depois dos trinta é anormal, um fim do mundo que conhecemos, até que tenhamos convivido com a coisa por uns dez ou quinze anos, quando começa a parecer normal”.

Do Broadcast ao Socialcast: Como as redes sociais estão transformando o mundo dos negócios
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sábado, 27 de novembro de 2010

Game of love





Acompanhe com a letra: http://abcmusical.coolpage.biz/traduzidas/gameoflove_santana.htm

Estado de espírito

Acordei cedo, cinco e pouca da manhã. Abri a janela pra olhar o sol, puxei o pano que serve de cortina pra deixar sua luz entrar junto com a cantoria dos pássaros que a correria do dia a dia abafa, faz passar despercebida.

Fiquei deitada, olhos fechados, dez,quinze, vinte minutos. O que eles diziam, o que faziam além de saudarem uns aos outros, voarem de galho em galho, afinal era outro dia. Sensação interessante de tranquilidade gerada por algo tão singelo, pequeno diante de todos os desafios e medos que precisamos enfrentar e para viver o dia a dia, todo dia.

Hoje é um dia de poucas palavras, pouca ação... Muitos pensamentos. Talvez pensamentos demais.

Dança da Solidão

(Marisa Monte)
Composição: Paulinho da Viola

Solidão é lava
Que cobre tudo
Amargura em minha boca
Sorri seus dentes de chumbo...

Solidão, palavra
Cavada no coração
Resignado e mudo
No compasso da desilusão...

Viu!
Desilusão, desilusão
Danço eu, dança você
Na dança da solidão...(2x)

Camélia ficou viúva,
Joana se apaixonou,
Maria tentou a morte,
Por causa do seu amor...

Meu pai sempre me dizia:
Meu filho tome cuidado,
Quando eu penso no futuro,
Não esqueço o meu passado

Oh!...
Desilusão, desilusão
Danço eu, dança você
Na dança da solidão

Viu!
Desilusão, desilusão
Danço eu, dança você
Na dança da solidão...

Quando vem a madrugada
Meu pensamento vagueia
Corro os dedos na viola
Contemplando a lua cheia...

Apesar de tudo existe
Uma fonte de água pura
Quem beber daquela água
Não terá mais amargura

Oh!...
Desilusão, desilusão
Danço eu, dança você
Na dança da solidão
Viu!
Desilusão, desilusão
Danço eu, dança você
Na dança da solidão...
Danço eu, dança você
Na dança da solidão...(2x)
Desilusão! Oh! Oh! Oh!..

domingo, 21 de novembro de 2010

Sobre os relacionamentos

“Princípio básico: não há nenhum” (Hitch)

Vieste


Ivan Lins

Vieste na hora exata
Com ares de festa e luas de prata
Vieste com encantos, vieste
Com beijos silvestres colhidos prá mim

Vieste com a natureza
Com as mãos camponesas plantadas em mim
Vieste com a cara e a coragem
Com malas, viagens, prá dentro de mim
Meu amor

Vieste a hora e a tempo
Soltando meus barcos e velas ao vento
Vieste me dando alento
Me olhando por dentro, velando por mim

Vieste de olhos fechados num dia marcado
Sagrado prá mim
Vieste com a cara e a coragem
Com malas, viagens, prá dentro de mim

Acordei


Acordei como quem acorda de um sonho
No limite entre a imaginação e a realidade
No limbo do que é real e surreal
Respirando o aroma da felicidade

Acordei querendo saber e ser o que não sei e o que não sou
Com vontade de pegar um violão para tocar e cantar
O sentimento inseguro que está brotando em mim
Com a dúvida de quem quer acertar e tem medo de errar

Acordei sem sentido e sem noção
Com medo de exagerar na mão
O receio de quem sempre escuta um não
De quem não aguenta mais solidão

Acordei me inspirando nos grandes poetas
Lembrei da promessa de não declamar mais
Palavras que demonstrem o que me afeta
Que havia prometido não pronunciar jamais


Fico assim sem você

[...]Por que é que tem que ser assim
Se o meu desejo não tem fim
Eu te quero a todo instante
Nem mil alto-falantes
vão poder falar por mim


Eu não existo longe de você
E a solidão é o meu pior castigo
Eu conto as horas pra poder te ver
Mas o relógio tá de mal comigo [...]

Adriana CalcanhottoComposição: Abdullah / Cacá Moraes

quinta-feira, 18 de novembro de 2010

Pílula da felicidade


Desço do ônibus, passo por dezenas de pessoas concentradas, apressadas. Ninguém, talvez nem eu mesma, se dá conta do que está acontecendo nos arredores. Um sorriso frouxo, uma risada, discreta, gostosa, vez por outra lágrima de contentamento e outro sorriso.

Sensação de paz interior, de completude e equilíbrio. Paixão? Encantamento?

Esse torpor poderia se transformar num composto que qualquer um pudesse ingerir homeopaticamente para viver livre dos maus sentimentos que nos arrastam para o abismo da tristeza e da solidão.

Depois dos 30...

Depois dos 30, passei a ver a vida com olhos adolescentes.
Reclamando menos, esperando menos, vivendo mais.
Dando importância menor ao que é menor.
Tratando com exuberância o que é demasiadamente indispensável, 
muitas vezes simples e fundamental.

quarta-feira, 17 de novembro de 2010

segunda-feira, 15 de novembro de 2010

Uma ilha só pra nós



Viajo daqui a poucas horas, volto logo, mas já te levo um pouquinho comigo. Um pouquinho do teu olhar apertado, do teu sorriso largo, da intensidade do teu beijo, da suavidade do teu toque, do calor da tua respiração, do afago dos teus abraços. Da beleza das tuas palavras, da cadência das tuas rimas, do dedilhado do teu violão, do batuque do seu tambor.

De uma conversa despretensiosa, um acaso interesse comum, um encantamento sem noção do tempo, do certo e do errado. As diferenças me atraem e retraem. O medo do que admiro instiga. Confesso, talvez seja loucura: quero mais.

Do amanhã não sei como será o meu, o seu dia. Só sei da vontade tamanha de voltar à ilha que criamos só pra nós.

sábado, 6 de novembro de 2010

Curtas de animação

Quem me conhece um pouquinho, sabe da minha paixão por cinema. Eu não entendo nada sobre os principais diretores, não sei definir bem o que é um bom roteiro, uma boa fotografia, mas mesmo assim, esse mundo me fascina. E tem uma parcela que me instiga bastante, que é a dos curtas metragem.

Não posso falar muito dos curtas convencionais, que só temos acesso quando há exibições "de arte", em salas especiais, uma vez ou outra, ou quando participam de mostras competitivas ou apenas de exibição em festivais. Falta sim, um local onde podemos ter mais acesso a essas pequenas preciosidades. Nesse sentido, o You Tube é bastante democrático. Por meio dele, posso recuperar e assistir curtas de animação que adoro, descobrir outros... Para compartilhar essas pequenas obras de arte, selecionei alguns. Confiram.

For the birds


Luxo Jr



One man band


Ghopher broke



Knick knack



Geri's game

sexta-feira, 5 de novembro de 2010

Ja é

Já é (Lulu Santos)

Sei lá...
Tem dias que a gente olha pra si
E se pergunta se é mesmo isso aí
Que a gente achou que ia ser
Quando a gente crescer
E nossa história de repente ficou
Alguma coisa que alguém inventou
A gente não se reconhece ali
No oposto de um déjà vu

Sei lá...
Tem tanta coisa que a gente não diz
E se pergunta se anda feliz
Com o rumo que a vida tomou
No trabalho e no amor
Se a gente é dono do próprio nariz
Ou o espelho é que se transformou
A gente não se reconhece ali
No oposto de um vis a vis

Por isso eu quero mais
Não dá pra ser depois
Do que ficou pra trás
Na hora que já é!

Hey

quarta-feira, 27 de outubro de 2010

Ame

Comecei o dia ouvindo essa poesia musicada do Paulinho da Viola...

Ame (Paulinho da Viola)

Ame
Seja como for
Sem medo de sofrer
Pintou desilusão
Não tenha medo não
O tempo poderá lhe dizer
Que tudo
Traz alguma dor
E o bem de revelar
Que tal felicidade
Sempre tão fugaz
A gente tem que conquistar

Por que se negar?
Com tanto querer?
Por que não se dar
Por quê?
Por que recusar
A luz em você
Deixar pra depois
Chorar... pra quê?

sexta-feira, 22 de outubro de 2010

Cranberries, eu fui

Tudo que é bom nessa vida - a comida preferida, orgasmo, paixão...- dura pouco. Foi com essa sensação que eu sai do Chevrolett Hall agora há pouco, ao fim do show da banda irlandesa The Cranberries. Até os incovenientes - fumaça de cigarro, catinga de maconha, a impressão de que o som do Chevrollet é uma bosta e a ausência de alguém com quem pudesse dividir as sensações e emoções que senti - não incomodaram tanto a ponto de atrapalhar a curtição da performance de Dolores O´Riordan, Mike Hogan (baixista), Noel Hogan (guitarrista) e Fergal Patrick Lawler (baterista).

A voz ímpar da Dolores me emocionou em vários momentos: Linger, Ode to my family, When you´re gone, Animal instinct e Promisses. Fechava os olhos e achava que estava ouvindo música em casa. Voz limpa, afinação, pelo menos para mim, perfeita. Dancei e pulei muito ao som de Salvation e Zombie, que lembram uma fase muito linda da minha vida... Claro que o público foi ao delírio (como eu) em todas essas. E foram tantas outras legais e desconhecidas que putz, valeu o inve$timento, os calos no pé e até mesmo um pouco do vazio de ter desafiado os meus bloqueios e ido sozinha. Encontrei poucos conhecidos, antes e depois do show. Mas curti a aventura toda sozinha.
A Dolores tem um jeito esquisito de dançar, meio robotizado, meio moleque. Figuraça no palco. Usou um vestido vermelho lindo, com uma bota de cano alto; saiu e complementou o visual com um tipo de cocar e, após o "break" para o "bis", voltou com um longo preto totalmente desadequado pro clima do show. Mais pro fim do show soltou um obrigado em português. Achei estranha a falta de interação entre os integrantes da banda. Mas fazer o quê? Depois que eu descobri que o Mick Jagger e o Keith Richards são brigados há anos, eu não estranho mais nada. Também achei o palco e a iluminação simples demais...

Omais importante, além do prazer de ter me proporcionado a ida ao show, foi não ter quebrado a promessa que fiz a mim mesma de que não deixaria um "detalhe" como esse empatar momentos de felicidade como os que tive ao escutar a Dolores. Agradecimento especial ao meu irmão André, que me deu carona pra ir. Valeu véi!

PS 1: Sobre o Chevrollet Hall, pelo menos dessa vez colocaram um DJ para "abrir" o show. Entre os escolhidos para fazer parte do set list, Sublime (Santeria), Nirvana (Come as you are), Depeche Mode, Eric Clapton (Cocaine), Cake (I will survive)... Mas o ar condicionado da casa continua uma bomba.

PS2: Pergar táxi depois do show continua complicado. Muito taxista escolhendo passageiro. Eu dei sorte.

domingo, 17 de outubro de 2010

A culpa é terminantemente nossa


Cena de Plano B
Do meu mundinho paralelo, no qual eu me conecto diretamente com as histórias dos filmes que assisto, eu consigo tirar reflexões, lições e, muitas vezes, entender situações que eu vivencio no dia a dia. Os filmes são meus terapeutas. Ao invés de eu pagar para que alguém me escute, estou pagando (muito mais barato, diga-se de passagem) para que alguém me mostre onde está o erro, fale para mim. Mais fácil? Não sei. Mais cômodo? Talvez...

Esse fim de semana, aluguei dois filmes – Plano B e Encontros ao acaso - que ratificaram algumas das minhas conclusões sobre o comportamento das mulheres com mais de 30 anos. Bem sucedidas, donas do seu nariz, por uma questão de imposição social, comportam-se ou são cruelmente rotuladas, coisa que não acontecem com os homens. Até aí tudo óbvio.

Em Plano B, a protagonista chega a um ponto de sua vida de tamanha independência que decide fazer inseminação artificial para poder ter uma família. Sem pais, com alguns poucos amigos, não conseguiu encontrar um companheiro com a mesma sintonia e objetivo na vida. Mas o destino lhe prega uma bela peça. Depois que a inseminação dá certo, o “cara certo” aparece por acaso, sem muito esforço e lhe cerca de razões para acreditar que ele é realmente quem ela tinha parado de procurar. Apesar do pouco tempo de relacionamento, ele aceita a gravidez e assume a paternidade das duas crianças que ela vai ter. A vida dos dois muda, cessões, conquistas compartilhadas, mas o amor prevalece.

Encontros ao acaso
Em Encontros ao acaso, a protagonista é uma mulher trabalhadora, mas com um comportamento auto-destrutivo, provavelmente fruto da péssima relação com o seu pai, que traía e maltratava sua mãe. Com auto-estima baixa e a mesma tendência para o alcoolismo e dificuldade de relacionamento, não consegue se aproximar de cara algum, a não ser quando está bêbada. No dia seguinte, foge para não ter nenhum tipo de aproximação ou maior intimidade com a pessoa com a qual passou a noite. Certo dia, aparece um cara diferente, com postura diferente e ela repete os mesmos erros, tratando-o como mais uma "aventura". O detalhe é que essa postura não a satisfaz, não a completa. Ela culpa as outras pessoas pelos seus erros e esquece o que diz aquela máxima popular: quem planta colhe. Quando ela decide se abrir para esse relacionamento e tenta mudar sua forma de agir, finalmente percebendo a necessidade de mudar, tem uma recaída e “perde” a oportunidade de ter viver algo totalmente diferente da sua rotina. Como o passo para a mudança tinha sido dado, abrem-se outras possibilidades na vida dessa mulher.

Somos totalmente realmente responsáveis por tudo o que nos acontece. Não adianta ficar culpando os outros pelos nossos infortúnios e angústias. Temos que agir para mudar uma situação que nos desagrada - no caso sermos tratadas como "pedaços de carne" -, seja ela qual for, em que campo for, pessoal, profissional, astral... E assumir todas as consequências pelas atitudes tomadas. E também se negar a incorporar a mesma forma de tratamento do outro.

Se uma mulher hoje não tem seu valor como pessoa, profissional ou mulher no sentido stricto sensu reconhecido, das duas uma: ou ela não se respeita/não impõe respeito ou realmente gosta de ser tratada daquela forma. Ainda há uma terceira possibilidade: acostumou-se com aquilo e acha que é natural, como o que acontecia com a protagonista do segundo filme citado.

Não estou com isso dizendo que devemos deixar de lado a independência e o protagonismo que conseguimos ao longo dos anos e ceder a postura mais complacente, mas nosso comportamento com o outro, em todas as questões, vai determinar o comportamento do outro conosco. É a lei da física. Toda ação, gera uma reação. Nesses casos, nem sempre a reação é proporcional à ação.

sábado, 16 de outubro de 2010

Ser capaz

..."Sou capaz para o segredo, sou capaz para o irrecuperável, sou capaz para o silêncio, sou capaz para o medo, sou capaz para o bizarro. Minha incapacidade é para a frescura, para a fofoca, para a vaidade, para a seriedade que conferem ao que é irrelevante, e quase tudo é irrelevante, quase tudo que está à vista.

Sou capaz para o que não conheço e torno-me quase incapaz para o que conheço bem demais. Sou pouco capaz para a matemática, para a física, para a culinária, para a religião. Talvez seja capaz para a mediunidade, mas nunca tentei. Sou capaz para a loucura, mas costumo frear a tempo. E, quando preciso de solidão, sou capaz de me declarar inábil para tudo o mais, na esperança secreta de ser deixada em paz".

(Trecho da crônica "Ser capaz", de Marta Medeiros, em Montanha Russa)

Para tempo



O tempo passa ligeiro demais.
Tantas coisas ainda por fazer, para conhecer.
Tanto aprendizado, tantas sensações.
O pouco tempo que há é dedicado ao trabalho.
Por vezes a coisas fúteis, fugazes.

Sobra pouco tempo para o que importa.
Para o que acalenta, acalma, acaricia a alma.
Sua rapidez por vezes paralisa, amedronta e angustia.
Procura força e não acha.
Procura alento, mas não alcança.

Não tenho como fazer o tempo voltar.
Não tenho pressa.
Para, tempo, para.
Só um pouquinho, vai?!

domingo, 10 de outubro de 2010

Instrospecção

Início de mês, vida cultural da cidade relativamente boa, convites para sair e o que eu mais quero é ficar em casa, enfiada debaixo do meu lençol, assistindo TV, um DVD, pensando na vida. Tem tanta gente legal pra conversar, gente bonita pra ver, os amigos do peito pra trocar, rir e se divertir. Mas esses dias reservei pra mim. Pra me curtir. Pra dizer pro sono que sim, ele é o meu melhor companheiro, mas que me deixe de lado de vez em quando. Pra olhar pros livros que não li e para os assuntos que eu preciso estudar e pedir que por favor, inspirem-me.

Sério. Estou cansada do vazio que está se apoderando das pessoas. Trabalho, trabalho, sexo, sexo. Gente que reclama de tudo, de todos, quando o problema é a forma como vc encara a vida. Será que, assim como tantos, também estou precisando tomar remédios?

Onde estão as virtudes? Vaidade, egoísmo...Olho e vejo tantas coisas com as quais não concordo. Olho pra mim e às vezes também não concordo. Tento mudar, não consigo. Sigo, peço ajuda. Melhoro um pouco.

Na maior parte do tempo estou fazendo o melhor que eu posso. Parece que não tem jeito.

Optimistic (Radiohead)


Flies are buzzing round my head
Vultures circling the dead
Picking up every last crumb
The big fish eat the little ones
The big fish eat the little ones
Not my problem, give me some

You can try the best you can
If you try the best you can
The best you can is good enough
If you try the best you can
If you try the best you can
The best you can is good enough

This one's optimistic
This one went to market
This one just came out of the swamp
This one dropped a payload
Fodder for the animals
Living on animal farm

If you try the best you can
If you try the best you can
The best you can is good enough
If you try the best you can
If you try the best you can
The best you can is good enough

I'd really like to help you, man
I'd really like to help you, man
Nervous messed up marionettes
Floating around on a prison ship

If you try the best you can
If you try the best you can
The best you can is good enough
If you can try the best you can
If you try the best you can

Dinosaurs roaming the Earth
Dinosaurs roaming the Earth
Dinosaurs roaming the Earth

terça-feira, 28 de setembro de 2010

Guia eleitoral: da reflexão à diversão

O dia 3 de outubro está chegando e estou com um surpreendente sentimento de saudade. Juro: acho que vou sentir falta de acompanhar duas, três vezes por semana, por obrigação profissional, o guia eleitoral.

Há quem me chame de doida, mas sempre gostei de assistir ao guia desde a adolescência. Há coisas bastante interessantes de se obsevar. Entre propostas boas, que fazem sentido, encontramos algumas absurdas, totalmente sem noção. De tão toscas, chegam a ser engraçadas! Se temos um pouco de memória, identificamos facilmente aqueles que galgaram espaço político às custas de figuras mais populares, temos os que querem dar continuidade à tradição familiar. Também aparecem os zé ninguém e também existem os que realmente querem fazer a diferença. Esses, obviamente, são mais difíceis de identificar.

Na campanha desse ano houve uma polarização enorme no que diz respeito à super produção das campanhas, com roteiro de cinema. Além disso, o que mais me chamou atenção foi o uso de jingles altamente pegajosos para fixar o nome e o número dos candidatos. Claro que isso não é novidade alguma. É uma estratégia antiga e que dá certo. Mas juro que dessa vez até eu me pego cantarolando as musiquinhas. É pura diversão! 

Eu fiz uma pequena lista dos melhores, baseando-me, claro, num critério único: os que eu, que tenho péssima memória pará música, absorvi. Segue!

- Cadoca 2020, Cadoca é Federal
- É 22 2 2 2, é 22 222... 
- Deputado estadual, é 15 111. Deputado estadual, é 15 111, é 15 111, é 15 111, é Gustavo Negromonte!
- Agora vai vai! 2266... Em André Ferreira eu vou votar!
- Marco Maciel, 256, Marco Maciel o Marco de Pernambuco!
- Ey, Ey, Eymael... O democrata cristão!
- Pastor Cleiton Colins, 20 6 20, pra deputado estadual
- Edilson 50! Edilson 50!
- É Terezinha, É Terezinha... É 45 1 2 3...
- Humberto é do PT, é ele que eu quero. Humberto do PT 1, 3, 0!
- 14, 6 , 14, 14, 6 , 14.. Silvio Costa Filho...

domingo, 26 de setembro de 2010

E nos dias de hoje...

Dormir de conchicha

Vinho seco


- Isso é hora amor?
- Oi! Eu só te encontro de madrugada... Tem hora melhor que essa?
- Você tá bem? Eu to ótimo. kkkk
- Também tô ótima. Bêbado não?
- Meio bêbado, mas consciente.
- E aí, conta uma coisa boa.
- Hummm. Ainda tenho mais duas cervejas apesar de já estar muito bêbado. ;) Acho até que vou tirar duas do freezer.
- Que cerveja?
- Heineken. Você ta morando onde mesmo?
- De volta a casa da minha mãe. Por que amore?
- Só pra lembrar. Você podia morar mais perto. Dormiria no seu colo se você deixasse...
- Se fosse um pouco mais cedo, você dormiria. Perto é relativo quando a gente está com o transporte certo disponível. E outra: não tomei o vinho que comprei pra gente.
- Bota debaixo do braço e vem pra cá.
- A 1h30 da matina? :) Se for do SEU jeito sempre dá, né?
- Daí pra cá dá 10 minutos sabia? A vida é assim: em vez de conversar por MSN a gente pode conversar pessoalmente.

Depois de trocarem mais algumas palavras, ou ele a convenceu ou ela cedeu. Ninguém nunca saberia.

Pegou o carro e foi ao encontro dele. Nos dez minutos do caminho que precisava percorrer, lembrou-se de quando tinham se conhecido. Era apenas uma estagiária. Ele praticamente um profissional. Tímida, recatada. Ele sexy, metido, metido a intelectual. Feia, desengonçada. Lindo. Nunca conseguiam trocar cinco minutos de conversa. Aparentemente (e conscientemente) não tinham nada em comum. O pouco que falavam eram amenidades, mas, de alguma forma, gostavam um do outro.

Ele a atraía. Sempre tivera queda pelos mais populares, os mais belos. Ele não dava bola para os seus olhares, nem para mais nada que lhe dissesse respeito.

Há muitos anos, convidou-a, assim como a outros amigos, para um churrasco na piscina do apartamento onde morava. Num dado momento, ela pediu água. Ele, gentil, levou-a até a cozinha. Subiram, conversaram um pouco. Na volta, a atração que sentiam se libertou. Trocaram alguns beijos e amassos na escadaria do prédio. Como se nada tivesse acontecido, eles voltaram para a festa e pronto: mais uma candidata a paixão não correspondida. E foi assim por algum tempo.

Continuavam se encontrando nos corredores da faculdade onde ambos estudavam. Às vezes sentavam na lanchonete e conversavam sobre os rolos dela e ele contava as suas histórias...

Anos mais à frente, vez por outra se beijavam numa sala de aula vazia na faculdade. Se afastavam e se aproximavam, nunca foram amigos o bastante para conversar sobre os problemas, família, aspirações. Nem havia nada a mais que os fizesse manter qualquer tipo de relação. Afinal, o que tinham realmente para compartilhar?

Após outro reencontro anos à frente, ela bastante diferente, menos bicho do mato, recebeu um convite para ir a casa dele para ver um filme e conversar. Não tinha nada a perder, nem a ganhar.

Não conseguiram assistir à metade de “As 10 coisas que eu odeio em você”. Ela era virgem, romântica. Queria que a primeira vez fosse com alguém que ela amasse e que a amasse também. Queria troca, paixão. Ele compreendeu. Ficaram juntos. Curtiram-se, apenas.

Ele se mudou, tentou a vida na maior metrópole do país. Ela seguiu sua vida, namorando, sendo quem queria, fazendo o que acreditava.

Anos depois, retomaram o contato. Se falavam raramente num programa de bate-papo. Agora ela era quase outra pessoa, apesar da essência ser a mesma. Ele parecia o mesmo de sempre.

Certa vez, ao conversarem naquele ambiente virtual convidou-se para ir ao seu apartamento. Ela não podia... Gostava da ideia, mas tudo ia de encontro aos seus princípios, ao que queria e vivia naquele momento. “Um transa adiada é uma transa perdida”, tentava convencê-la, atribuindo a Vinícius de Moraes uma máxima machista comum. Detestava aquele jeito que ele tinha de dizer a coisa certa, na hora certa...A proposta ela tentadora, mas ela não podia. Não queria...

- O que você gosta de beber?
- Vinho derramado entre as costas e a bunda, ele dizia...

Ela adorava aquelas coisas. Combinaram de tomar vinho outro dia.

E o dia havia chegado. Ele estava bêbado. O horário era inaproriado. Gostava disso, de ser transgressor, de quebrar as regras, fazer tudo que desse na telha, sem muito receio das consequências. Era da essência dele querer algo assim, ser instintivo. Não se mostrava para qualquer um, muito menos para ela. Apesar de geralmente ser e de agir de forma oposta, ela aceitou. Ela tinha comprado o vinho...

Ao estacionar, ele estava à sua espera.

Ele queria colo, ela precisava dar e receber carinho. Conversa, colo, carinho, sexo esquisito, desajeitado, diferente do imaginado por tantos anos. O melhor da conchinha, do aconchego. Dormiram juntos.

Dia seguinte cada um para o seu lado, como sempre. A garrafa de vinho que prometeram apreciar juntos tinha sido esquecida. Continuara fechada, em algum canto da geladeira...

Acasos da vida


Eu adoro a letra da música Epitáfio, do Titãs. Engraçado como eu me reconheço em trechos e tenho tentado me inspirar neles para seguir em frente nessa vida que vem me dando tantas oportunidades de aprender, sem falar nas porradas vez por outra. E é quando eu menos espero que eu consigo tirar boas lições de coisas que antes e para muitos não significariam nada. Passariam despercebido.

Depois de uma semana particularmente difícil, topei sair para encontrar uma amiga que estava negligenciando (confesso!) há alguns meses. E por um grande acaso, encontrei um amigo querido que há muito não via, o que desencadeou uma série de alegrias inesperadas, como se a gente realmente pudesse programá-las. Jurando que esse episódio não mudaria o rumo da noite, deparei-me com uma sucessão de acasos que me proporcionaram a virada de sexta para sábado mais inusitada e divertida dos últimos anos.

Vista do Marco Zero, por volta das 7h deste sábado (25/09)
Sim, virada literal, pois depois de alguns chopps e gargalhadas, eu e minha amiga fomos parar numa festa (literalmente) sem noção. Dançamos, rimos mais um pouco e vimos um nascer do sol maravilhoso no Marco Zero. Café da manhã num supermercado e bola pra frente, depois de mais de 24 horas no ar, nonstop, cheguei a conclusão que estou no caminho certo ao não querer me prender a planejamentos e agendamentos do que é melhor pra mim. Quem sabe um dia volto a fazer isso? Por enquanto os acasos vão me proteger e me fazer feliz.

terça-feira, 24 de agosto de 2010

Não sirvo pra ficar na estante


Definitivamente não sei jogar o "Melrose place game" de hoje em dia. Sou muito crítica quanto ao comportamento, às atitutes dos outros, o que falam e como demonstram o que sentem. Espero sempre, no mínimo, clareza e sinceridade, desde o primeiro momento, da mesma forma que eu me esforço para ser e agir assim. Mas sempre somos tratados como um produto, um objeto que pode ser colocado e tirado de uma estante. Não sirvo pra ficar na estante de ninguém.

Na Sua Estante
(Pitty)

Te vejo errando e isso não é pecado,
Exceto quando faz outra pessoa sangrar
Te vejo sonhando e isso dá medo
Perdido num mundo que não dá pra entrar
Você está saindo da minha vida
E parece que vai demorar
Se não souber voltar ao menos mande notícias
Cê acha que eu sou louca
Mas tudo vai se encaixar
Tô aproveitando cada segundo
Antes que isso aqui vire uma tragédia

E não adianta nem me procurar
Em outros timbres, outros risos
Eu estava aqui o tempo todo
Só você não viu
E não adianta nem me procurar
Em outros timbres, outros risos
Eu estava aqui o tempo todo
Só você não viu

Você tá sempre indo e vindo, tudo bem
Dessa vez eu já vesti minha armadura
E mesmo que nada funcione
Eu estarei de pé, de queixo erguido
Depois você me vê vermelha e acha graça
Mas eu não ficaria bem na sua estante
Tô aproveitando cada segundo
Antes que isso aqui vire uma tragédia
E não adianta nem me procurar
Em outros timbres e outros risos

Eu estava aqui o tempo todo
Só você não viu
E não adianta nem me procurar
Em outros timbres, outros risos
Eu estava aqui o tempo todo
Só você não viu

Só por hoje não quero mais te ver
Só por hoje não vou tomar minha dose de você
Cansei de chorar feridas que não se fecham, não se curam
E essa abstinência uma hora vai passar...

segunda-feira, 23 de agosto de 2010

Só mais uma conclusão sobre a vida

Socorro!

Encarar o mundo nos dias de hoje não está fácil. De onde você acha que encontrou um fio de esperança, de algo bom, eclode um puta tapa na sua cara para você acordar e te dizer: ei, as pessoas não são assim como num quadro pintado a óleo. Há muito mais erro e decepção no mundo, escondidos embaixo de máscaras de felicidade e perfeição hipócrita do que suspeitamos.

Definitivamente não quero virar, personificar a música do Arnaldo Antunes: Socorro!


Socorro
Arnaldo Antunes


Socorro, não estou sentindo nada
Nem medo, nem calor, nem fogo
Não vai dar mais pra chorar
Nem pra rir
Socorro, alguma alma, mesmo que penada
Me empreste suas penas
Já não sinto amor, nem dor
Já não sinto nada
Socorro, alguém me dê um coração
Que esse já não bate nem apanha
Por favor, uma emoção pequena
Qualquer coisa
Qualquer coisa que se sinta
Tem tantos sentimentos, deve ter algum que sirva

Socorro, alguma rua que me dê sentido
Em qualquer cruzamento
Acostamento
Encruzilhada
Socorro, eu já não sinto nada
Socorro, não estou sentindo nada
Nem medo, nem calor, nem fogo
Nem vontade de chorar
Nem de rir
Socorro, alguma alma, mesmo que penada
Me empreste suas penas
Já não sinto amor, nem dor
Já não sinto nada

Socorro, alguém me dê um coração
Que esse já não bate nem apanha
Por favor, uma emoção pequena
Qualquer coisa
Qualquer coisa que se sinta
Tem tantos sentimentos, deve ter algum que sirva
Qualquer coisa que se sinta,
Tem tantos sentimentos, deve ter algum que sirva

quarta-feira, 18 de agosto de 2010

Medicação

Aceite-se tal qual é, buscando melhorar-se. Suporte com paciência as provas do caminho. Se você caiu, erga-se logo para seguir adiante, se já conhece o que seja tentação, já sabe claramente como evitá-la.

Deixe de criar motivações e sofrimentos de que não têm necessidade. Abstenha-se de relações que lhe prejudiquem a paz. Não tente sanar amarguras da alma co medicações que lhe criem exagerada dependência.

Cultive fortaleza de ânimo e acolha a realidade, tal como se apresenta.

Faça todo bem que puder, auxiliando a todos mesmo quando não possa estar com todos. Tranalhe sempre, confiando em Deus.

Não diga q isso é óbvio ou que você já sabe tudo isto porque os planos do bem devem ser infinitamente repetidos e a construção mais simples é sempre a mais difícil de se fazer.

(Espírito André Luiz. Psicografado por Chico Xavier)

quarta-feira, 11 de agosto de 2010

Meu Ébano

(Alcione)

É!
Você um negão
De tirar o chapéu
Não posso dar mole
Senão você créu!
Me ganha na manha e baubau
Leva meu coração...

É!
Você é um ébano
Lábios de mel
Um príncipe negro
Feito a pincel
É só melanina
Cheirando à paixão...

É!
Será que eu caí
Na sua rede
Ainda não sei!
Sei não!
Mas tô achando
Que já dancei!
Na tentação da sua cor...

Pois é!
Me pego toda hora
Querendo te ver
Olhando pras estrelas
Pensando em você
Negão, eu tô com medo
Que isso seja amor....

Moleque levado
Sabor de pecado
Menino danado
Fiquei balançada
Confesso
Quase perco a fala
Com seu jeito
De me cortejar
Que nem mestre-sala...

Meu preto retinto
Malandro distinto
Será que é instinto
Mas quando te vejo
Enfeito meu beijo
Retoco o batom
A sensualidade
Da raça é um dom
É você, meu ébano
É tudo de bom!...

sábado, 7 de agosto de 2010

Give me one reason

(Tracy Chapman)

Give me one reason to stay here and I'll turn right back around
Give me one reason to stay here and I'll turn right back around
Because I don' want to leave you lonely
But you got to make me change my mind

Baby I got your number and I know that you got mine
But you know that I called you
I called too many times
You can call me baby
You can call me anytime
But you got to call me

Give me one reason to stay here and I'll turn right back around
Give me one reason to stay here and I'll turn right back around
Because I don't want to leave you lonely
But you got to make me change my mind

I don't want no one to squeeze me
They might take away my life
I don't want no one to squeeze me
They might take away my life
I just want someone to hold me and rock me through the night

 This youthful heart can love you and give you what you need
This youthful heart can love you and give you what you need
But I'm too old to go chasing you around wasting my precious energy

Give me one reason to stay here and I'll turn right back around
Give me one reason to stay here and I'll turn right back around
Because I don't want to leave you lonely
But you got to make me change my mind

Baby just give me one reason
Give me just one reason why
Baby just give me one reason
Give me just one reason why I should stay
Because I told you that I loved you and there ain't no more to say

quinta-feira, 5 de agosto de 2010

Liberdade mesmo que tardia

Depois de não sei quantas taças de champagne ela já não se segurava mais. Esquecera dos acontecimentos do passado, das cobranças do fututo. O momento que valia era aquele, o presente, único. O efeito entorpecedor do álcool lhe aliviava as amarras e a deixava mais tranquila, até mais divertida. Entre uma música e outra, entre um papo aqui, uma onda acolá, eis que um conversê lhe chamou a atenção.

Jeans, camiseta, boné e uma corrente grossa no pescoço. Sotaque repleto de "esses" e gírias. A cor da sua pele contrastava e atraía a sua. Ela de preto, sapatos vermelhos, cachos na altura dos ombros. Um quê de conservadorismo no jeito de ser, um pouco menina, um tanto de mulher.

O entrosamento foi breve. Muitos de onde você é e o que faz, idade e o que você gosta de fazer depois, selaram o encontro inesperado. Ele chegando naquela terra. Ela q sempre teve medo de sair.

Dançando juntos, dois corpos que se encaixavam como se não fosse novidade. Cheiro, beijo, toque, afinidade carnal. Troca de telefones, carinho... E reencontro.

Na tranquilidade do lugar, calientes conversas, toque, beijos e risadas regadas à tequila e à tesão. O acaso, as diferenças gritantes, a vontade de ficar, de estar sem consequência. A ideia de prolongarem o momento.

Delicadeza, carinho, atenção. Loucura inconsequente de uma fuga para o desconhecido, sem porquês, ses ou poréns. Apenas risco.

Sem futuro, notícias ou algo do gênero, na mente dela apenas flashes e lembranças de momentos de sublime entrega e pura liberdade. E a vontade de se sentir daquele jeito novamente.

sábado, 31 de julho de 2010

Mais fofo que o Bob Esponja

Contra o tempo

Vander Lee

Corro contra o tempo
Prá te ver
Eu vivo louco
Por querer você
Oh! Oh! Oh! Oh!
Morro de saudade
A culpa é sua...

Bares, ruas, estradas
Desertos, luas
Que atravesso
Em noites nuas
Oh! Oh! Oh! Oh!
Só me levam
Prá onde está você...

O vento que sopra
Meu rosto cega
Só o seu calor me leva
Oh! Oh! Oh! Oh!
Numa estrêla
Prá lembrança sua...

O que sou?
Onde vou?
Tudo em vão!
Tempo de silêncio
E solidão...(2x)

O mundo gira sempre
Em seu sentido
Tem a cor
Do seu vestido azul
Oh! Oh! Oh! Oh!
Todo atalho finda
Em seu sorriso nú...

Na madrugada
Uma balada soul
Um som assim
Meio que rock in roll
Oh! Oh! Oh! Oh!
Só me serve
Prá lembrar você...

Qualquer canção
Que eu faça
Tem sua cara
Rima rica, jóia rara
Oh! Oh! Oh! Oh!
Tempestade louca
No Saara....

O que sou?
Onde vou?
Tudo em vão!
Tempo de silêncio
E solidão...(2x)

sábado, 3 de julho de 2010

Volta pra casa, Brasil

Julio Cesar emocionado (Foto: Reprodução Sportv)

E os 190 milhões de brasileiros que acompanharam a seleção na sua campanha na Copa do Mundo 2010 "voltaram para casa" desolados. A vitória da Holanda sobre o nosso time revelou o quanto não estávamos emocionalmente preparados para encarar a competição. O time era coeso, fechado, comprometido e coerente segundo os quase quatro anos de preparação. É verdade que a parte técnica, pelo que todos falam, deixava a desejar. Mas venhamos e convenhamos: não sabemos jogar com o placar contra. E isso não é culpa do Dunga. É característica do futebol brasileiro! E brasileiro que é brasileiro, não desiste nunca e não gosta de perder!

Depois disso, não é mais tempo de apontar os erros e os algozes das besteiras, como a do Felipe Melo. Agora é hora de olhar pra frente e se preparar para a Copa de 2014, que vamos sediar e precisamos resgatar o espírito de uma seleção que agrade por ser um grupo que representa o país e jogue como sabemos jogar. Podemos até perder, mas jogando bem e com dignidade.

Confesso que dessa vez achava que ia ser igual a 1994, que vencemos partidas jogando feio e a final nos pênaltis com o erro do Roberto Baggio. Mas saímos relembrando o gostinho amargo da Copa de 1998, quando perdemos para a França e o Brasil estava irreconhecível: o mesmo aconteceu no segundo tempo de Brasil e Holanda.

Mas confesso que chorei com o Júlio César, que junto com Lúcio, Juan e Gilberto Silva, formou o grupo dos melhores jogadores do Brasil em campo durante todos os jogos da Copa.

sexta-feira, 25 de junho de 2010

"Deixe o seu anzol sempre a postos.
No lago em que menos se espera
pode haver um peixe"
(Ovídio)

"De erro em erro descobre-se toda a verdade".
(Sigmund Freud)

McWilliams, Peter. Quem acredita sempre alcança. Rio de Janeiro: Sextante, 2006