sexta-feira, 25 de junho de 2010

"Deixe o seu anzol sempre a postos.
No lago em que menos se espera
pode haver um peixe"
(Ovídio)

"De erro em erro descobre-se toda a verdade".
(Sigmund Freud)

McWilliams, Peter. Quem acredita sempre alcança. Rio de Janeiro: Sextante, 2006

sábado, 19 de junho de 2010

Stuff no one told me


Homenagem à saudade do amor

Um ano de mudanças. Com essa música eu faço uma homenagem à saudade, à saudade do amor.

Chega de Saudade (Vinicius de Moraes)
Composição: Tom Jobim, Vinícius de Moraes

Vai minha tristeza
E diz a ela que sem ela não pode ser
Diz-lhe numa prece
Que ela regresse
Porque eu não posso mais sofrer

Chega de saudade
A realidade é que sem ela
Não há paz não há beleza
É só tristeza e a melancolia
Que não sai de mim
Não sai de mim
Não sai

Mas, se ela voltar
Se ela voltar que coisa linda!
Que coisa louca!
Pois há menos peixinhos a nadar no mar
Do que os beijinhos
Que eu darei na sua boca

Dentro dos meus braços, os abraços
Hão de ser milhões de abraços
Apertado assim, colado assim, calado assim,
Abraços e beijinhos e carinhos sem ter fim
Que é pra acabar com esse negócio
De você viver sem mim

Não quero mais esse negócio
De você longe de mim
Vamos deixar esse negócio
De você viver sem mim

Vidas que se (re) encontram - Parte 2

No som do carro, Bete colocara músicas diversas, era a playlist das canções que compartilharam durante anos e planejavam ouvir juntos. Carlos começou a contar como tinha sido a viagem, das turbulências, enquanto ia reconhecendo as músicas. Ela como tinha fugido do trabalho. Tinham pelo menos duas horas de estrada para conversar. Iam lembrando do que conversavam na internet, quando e como haviam se conhecido naquela sala de bate-papo da moda no fim dos anos 1990, e de como imaginavam aqueles primeiros momentos.

- Não acredito que finalmente estou aqui contigo, Bete. E por completo.
- De alguma forma esperei por você todo esse tempo. Isso não pode ser fantasia. Ele olhou-a com ternura e beijou sua mão.

Conversavam sem parar. Bete falava das cidades que cortavam, de como adorava dirigir. Ele do quanto gostava de viajar, citando lugares que visitara e os que gostaria de conhecer. Animada, contou do sonho de cruzar o país de carro. Carlos dissera que qualquer hora dessas toparia fazer aquilo. Riam muito. Mãos bobas trocavam carinhos e algumas provocações.

Quando estavam se aproximando da cidade onde ficava a praia que iriam, Bete calou-se por alguns instantes, ficou séria. Precisava fazer aquela pergunta.

- Você tem certeza de que é isto que você realmente quer, que é aqui que gostaria de estar nesse momento?
- Tenho. É aqui, hoje, com você, que vou recomeçar a minha vida.

Bete sorriu. Ele apertou sua mão. Era o que precisava ouvir para seguir adiante.

Disfarçando a euforia após aquela afirmação, pararam para comprar algumas coisas: água, besteiras para comer. Na mala do carro, ela levou champanhe, morangos e chocolate. Deram uma volta na cidade e se dirigiram à praia dos sonhos.

O chalé que estava reservado para os dois ficava estrategicamente de frente para o mar. Ao se aproximar, o semblante de Carlos foi mudando.

- O chalé está todo iluminado. É assim mesmo?
- Sim, como eu pedi.
- Pediu?
- Pedi... Sorriu e puxou-o pela mão.

Ao entrarem no chalé, muitas velas, taças. Ao fundo o som das ondas. Bete pegou a bebida que trouxe na bolsa térmica para colocar para resfriar um pouco mais. E Carlos se espantou novamente:

- Champanhe? Como?
- Venha, disse Bete. Traga suas coisas.

Pediram o jantar. Abriram o champanhe, beberam e conversaram mais e mais deitados na rede da varanda.

Ao se beijarem, tocarem-se, nem parecia que aquela seria a primeira vez juntos de verdade. Ele levantou e puxou ela para dentro.

Devagar, perto da cama, foi tirando a sua roupa. Olhava para ela com intensidade. Despia Bete com os olhos. Ela foi tirando a roupa de forma provocante, meio envergonhada até. Entregaram-se um ao outro, à paixão que há muito sentiam e não podiam vivenciar. Entre um suspiro e outro, ele tomou o rosto de Bete delicadamente e beijou-a. Ao pé do ouvido, sussurrou: - Te quero o resto da vida...

Prazer, felicidade, tantos sentimentos guardados por tanto tempo agora explodiam. As palavras de Carlos tinham sido o estopim para um verdadeiro êxtase, quem sabe o primeiro verdadeiro e real. A tradução do amor que respeita e espera.

Dormiram nos braços um do outro. Ora era Carlos que acordava e olhava Bete dormindo. Ora era Bete que abria os olhos e ria enquanto ele descansava.

Nos dias que se passaram, os dois caminharam na praia, tomaram banho de mar e tentaram colocar suas histórias em dia. Agora podiam conversar sobre o erro que cometeram, da angústia e do remorso que apagaram a felicidade do último encontro dos dois. Mas era tempo de aproveitar cada instante. Tinham tanta fome de estar juntos. O tempo de dieta acabara.

No domingo voltaram para a capital para que ele pudesse trabalhar no dia seguinte. Ela queria que Carlos ficasse na casa da sua mãe com ela. Ele tinha vergonha por conta de sua situação pendente. Deixou-o num hotel respeitando sua vontade e ponto de vista. Mas, quando estava saindo, ele a surpreendeu novamente:

- Você também me ama? Se me ama venha embora comigo.

O pedido significava para Bete muito mais do que, simplesmente, deixar para trás os amigos, o trabalho e a família. Ele era o amor da sua vida, tinha filhos e não podia ficar longe deles.

Bete ia responder, mas o telefone tocou. Ele atendeu na frente dela, sem pudor algum. Não havia como ter ciúmes de Ana, a esposa dele. Respeitava-a muito, admirava-a, apesar de tudo. Falaram rapidamente sobre como estavam os gêmeos, agora com quatro anos.

Quando decidiu viajar, Carlos contou tudo para Ana, absolutamente tudo. Falou sobre como Bete havia entrado na sua vida e do que representava. Da amizade, da forma como se apaixonaram e desapaixonaram, das opções que fizeram, de como elas os afastaram e os aproximaram. Da cumplicidade sem a presença. De conhecer muito e, ao mesmo tempo, não saber dos detalhes e nem conviver. De como a presença de Bete em sua vida muitas vezes contribuiu para que o relacionamento deles se mantivesse. E do único encontro a sós que teve com ela. Único.

Ana tinha uma história de vida admirável. De família humilde, suas conquistas foram fruto de muito trabalho e dedicação. Foi com ela que Carlos construiu grande parte de sua história, do que tinha. Enfrentaram e superaram juntos problemas financeiros, familiares. Ela tinha esse trunfo nas mãos, mas não podia mais usá-lo para manter o casamento. Nunca haviam cogitado se separar apesar das dezenas de discussões sobre a relação. Mesmo com os filhos, com as conquistas, com uma vida inteira juntos, o que havia entre eles já não satisfazia a ambos. E Carlos foi claro. Não queria tentar mais uma vez como tantas outras.

- Ana, não aguento mais discussão.

Encerrou a ligação dizendo que na volta teriam a derradeira conversa. Beijou Bete e pediu desculpas. Ela não esperou muito:

- Vou com você.

A mudança na vida de ambos foi acontecendo com os meses que passaram. Ele saiu de casa e conquistou a guarda compartilhada dos filhos. Ela conseguiu um emprego em São Paulo e se mudou. A relação, que antes era virtual, fora sendo construída dia a dia, com paciência, dedicação e muito amor. Bete acolheu os filhos dele como se fossem seus.

Nas férias, fizeram a primeira viagem de carro. No ano seguinte, Eduarda nasceu.

domingo, 13 de junho de 2010

"É difícil combater um inimigo que ocupa um posto avançado dentro da nossa cabeça"
(Sally Camptom)
McWilliams, Peter. Quem acredita sempre alcança. Rio de Janeiro: Sextante, 2006.

sábado, 12 de junho de 2010

Vidas que se (re) encontram - parte 1

Pra não dizer que eu perdi o romantismo, publico nesse 12 de junho a primeira parte de um conto que comecei a escrever em 2009 e concluí este ano. Tive orientação profissional de um amigo escritor, a quem agradeço de coração, para ele chegar ao ponto que chegou.

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Havia se passado dois anos e alguns meses depois do último encontro. Algumas palavras duras tinham sido trocadas. E um distanciamento até natural para o que ocorrera. Depois, a retomada, aos poucos, daquele antigo sentimento.

Para Bete, ele era o retrato do que esperava de um homem. Responsável, trabalhador, inteligente, divertido, tinha pegada, era lindo... Para Carlos fora mais do que uma fantasia. Ela fizera com que quisesse viver algo novo, recomeçar. Ter mais paixão, cuidar mais, prezar mais. A garota por quem tinha se apaixonado por várias vezes no passado, virara uma mulher forte, menina na medida certa, na hora certa. Não podia imaginar que desejaria novamente alguém daquela forma.

Numa tarde de sexta-feira, sob o pretexto de ir médico, Bete saiu mais cedo do trabalho. Estava ansiosa, pois iria apanhá-lo no aeroporto. Carlos viria encontrá-la. Resolveu antecipar a viagem de trabalho para a qual havia sido designado.

E lá estava Bete. Não sabia o que esperar daquele encontro. O painel que anunciava a saída e a chegada dos vôos no aeroporto era enorme, mas ela mal conseguia decifrar as informações, nem ouvia direito o que a aquela foz feminina eletrônica anunciava. O hall estava cheio. Aquele burburinho de gente conversando, passando para lá e para cá cheios de malas.

Dezenas de vezes pegara o celular para ver as mensagens antigas e lá estava uma do dia anterior que não cansava de ler: - Se eu não conseguir chegar é porque o meu coração saiu pela boca.

Aquela mensagem era um gatilho para a lembrança dos poucos encontros que tinha tido com Carlos. Nenhum deles totalmente a sós. Quer dizer, só um...

Andava de um lado para o outro, roia os dedos, passava a mão nos cabelos, olhava o relógio, colocava e tirava as mãos do bolso, tentava conferir novamente as informações no monitor. Resolveu comprar chiclete para relaxar. Mais um anúncio com a voz feminina e...

- A Super Flight informa: vôo-2-6-5-8-de-São-Paulo. Desembarque-portão-Sul. Parecia que o vôo que trazia Carlos estava taxiando. Vestia calça jeans e blusa solta, decotada, ombros à mostra. Queria que ele a achasse linda quando a encontrasse.

Vinte minutos e uma caixa de chicletes depois, ele apareceu no desembarque. Jeans surrado. Os músculos e os braços malhados delineavam a camisa quase colada ao corpo. Uma pequena mala e um sorriso largo. Os olhos claros brilhantes agitados procuravam-na. Finalmente havia tomado coragem de fazer o que tinha desejado, planejado e adiado por tantas vezes.

Quando se encontraram, sorriram. A distância de 11 anos e centenas de quilômetros se transformou numa separação por pouquíssimos metros. Um abraço longo, forte, os corpos pareciam se conhecer. Ambos se emocionaram. Não falaram nada.

Depois de disfarçarem e enxugarem as lágrimas que brotavam discretamente, ele tomou a sua mão, beijou-a e dirigiram-se para o elevador que levava ao edifício garagem de mãos dadas. A vontade era de saírem correndo quando as portas se abrissem para poder pegar o carro o mais rápido possível no estacionamento. O destino era a Praia dos Carneiros, perto da qual ela tinha passado férias com a família certa vez e, desde então, sonhara levá-lo.

Quando o elevador se abriu, ela não teve dúvidas: saiu puxando Carlos em direção ao carro. Brincando, ele perguntou se não queria que ele dirigisse para ser mais seguro, porque se ela guiasse da forma como puxava a mala... Seria a primeira de tantas brincadeiras que ele faria naqueles dias. Bete respondeu-lhe com uma tapa de leve no braço e um sorriso carinhoso.

Ao abrirem o porta-malas, ele a puxou para si e beijou-a intensamente. Dois lábios que se tocavam delicadamente, reencontrando-se, reconhecendo-se, afinal. Depois outro sorriso sem palavras. (continua...) 

E no fim... hoje é o dia dos namorados

Pois é. Sábado, dia 12 de junho, noite da véspera do Dia de Santo Antônio. Estou aqui comigo e meus botões, ouvindo música e trabalhando. Claro que gostaria de estar fazendo outra coisa mais interessante, mas nem sempre alcançamos o que queremos, não é essa a maior lição da vida?

Mais uma data de reflexões nesse ano tão cheio delas e de mudanças. Lembro do que fiz ano passado. Da última tentativa, talvez, de recuperar o que tinha sido perdido, ou melhor, o que não poderia ter sido um verdadeiro encontro. Por isso, a música que representa o dia de hoje é In the end, do Linking Park. Velha, como eu gosto, mas que diz um bocadinho de coisas... "Eu tive que cair para perder tudo. Mas no fim, não importa mesmo!"

In The End (Linking Park)


It starts with one...

One thing,
I don't know why
It doesn't even matter how hard you'd try
Keep that in mind
I designed this rhyme
To explain in due time

All I know.

Time is a valuable thing
Watch it fly by as the pendulum swings
Watch it count down 'till the end of the day
The clock ticks life away

It's so unreal.

You didn't look out below
Watch the time go right out the window
Trying to hold on, to didn't even know
I wasted it all just to

Watch you go...

I kept everything inside
And even though I tried,
It all fell apart
What it meant to me will eventually
Be a memory of a time when

[Chorus]
I've tried so hard
And got so far
But in the end,
It doesn't even matter.
I had to fall
To lose it all
But in the end,
It doesn't even matter.

One thing, I don't know why
It doesn't even matter how hard you'd try
Keep that in mind I designed this rhyme
To remind myself how

I've tried so hard.

In spite of the way you were mocking me
Acting like I was part of your property
Remembering all the times you fought with me
I'm surprised, it

Got so far...

Things aren't the way they were before
You wouldn't even recognize me anymore
Not that you wouldn't knew me, back then
But it all comes back to me

In the end...

You kept everything inside
And even though I tried,
It all fell apart
What it meant to me will eventually
Be a memory
Of a time when

[Chorus]
I've tried so hard
And got so far
But in the end,
It doesn't even matter.
I had to fall
To lose it all
But in the end,
It doesn't even matter.

I've put my trust in you
Pushed as far as I can go
For all this
There's only one thing you should've know

sábado, 5 de junho de 2010

Eu quero ser do bem

Em 31 anos de vida foram incontáveis as vezes que passei por baixo do viaduto que cruza a Avenida Sul e a Rua Imperial, mas proximidades do perigoso bairro dos Coelhos, perto do centro do Recife. É neste bairro onde fica localizada a favela do Coque, uma das comunidades mais pobres e com um dos maiores índices de criminalidade da cidade. Claro que sempre passei por ali o mais rápido possíve, por causa do medo da violência, e sem dar muita atenção, pois considero aquele um dos lugares mais feios e tristes da cidade. E foi ali debaixo desse viaduto que já foi o lar de dezenas de famílias de catadores de lixo que almocei hoje.

Feijão com verdura (jerimum, maxixe, repolho, chuchu...), arroz, farinha e carne cozida. Um copinho de refrigerante para acompanhar. Tudo trazido com o maior carinho numa bandeja improvisada numa “tábua” de jogar damas e servido numa mesa improvisada com cadeiras e bancos velhos.

Quando paramos no local, pensei que fosse um bar ou algo do gênero, mas era a casa de alguém que fica junto ao viaduto. Num primeiro momento, confesso sem vergonha, fiquei com receio, pois o ambiente onde a comida foi preparada não parecia ser o mais adequado. Depois pensei: sabe de uma coisa? Bah... Vou me deliciar!

Um ventinho gostoso no rosto, conversa com gente simples e sofrida. Cachorros e gatos nos rodeando. Uma ou outra carroça de lixo reciclável mais adiante. Mas me senti à vontade. A moça que nos serviu que, pra variar não decorei o nome, chegou junto e no primeiro momento que ficamos sozinhas começou a falar dos problemas pessoais. É uma gente carente de atenção e de carinho...

Depois desse almoço delicioso, inesquecível, andei pelas ruelas da favela do Coque. Fui apresentada à realidade vivenciada pelos meninos e meninas que participam do projeto “Eu sou do bem”, que é voltado para a área de educação ambiental e saúde coletiva das crianças moradoras da antiga Favela do Papelão, que ficava no viaduto que citei. Acompanhei Laurimar Thomé, uma das coordenadoras do projeto, que ia batendo na casa das pessoas, convocando as mães que têm filhos no projeto para ajudar no mutirão que acontece ao longo desta semana para pintar e limpar a casa onde em breve vai funcionar a “Associação dos Amigos da Vila do Papelão”.

Seguimos de casa em casa acompanhados pelas crianças que a chamam carinhosa mente de (tia) Laurinha. Os meninos colam em você como se você tivesse um ímã. Mas o melhor de tudo foi poder ter encontrado meu afilhado Merryson novamente. Eu o conheci há algum tempo, numa festa que o projeto promoveu para comemorar a Páscoa. Aos 11 anos, o menino tem problemas cardíacos, mas sonha em ser jogador de futebol. Não sei ainda muito bem sobre o seu histórico de vida, mas já deu para perceber que todos ali têm trajetórias marcadas por contado direto ou não com algum tipo de violência. Ele é um fofo. Quando me viu, me deu aquele abraço. Correu em casa pra tomar banho e voltar todo cheiroso pra só me largar (literalmente) quando eu fui embora. Já combinamos que no próximo sábado eu vou vê-lo jogar lá no Sport, onde ele treina durante a semana.

Mas voltando ao Eu sou do Bem, o projeto beneficia cerca de 80 crianças de 3 a 15 anos. Entre as atividades realizadas estão aulinhas de higiene, cidadania, educação ambiental, bem-estar e oficinas de leitura. Elas funcionam como um grande incentivo à cidadania e à inclusão social. Para participar, toda criança precisa estar matriculada e frequentando alguma escola da rede pública, devidamente higienizada, calçada e vestida, além de obedecer a regras “simples” de cidadania como, não sujar o lugar onde convivem e partilharem das benesses recebidas.

Ao sair do Coque, lembrei que ao ouvirmos falar de um lugar rodeado por miséria, esquecemos que no mesmo lugar onde brota o que não presta, ainda há muita gente resistente, que não se entrega e tem muito o que dar e o que ensinar. Por isso, decidi que agora é o momento de começar a trabalhar em algo assim. Sempre tive vontade e, mais uma vez, a oportunidade de fazer alguma diferença na vida de alguém bateu em minha porta. Agora eu quero ser do bem. Quem quiser vir comigo, que me siga.
"Eu sei que Deus não me dará nada com que eu não seja capaz de lidar. Eu só gostaria que Ele não confiasse tanto em mim" (Madre Teresa)

Mudança a vista


O primeiro ciclo de mudança geral da minha vida está chegando ao fim. Neste mês de junho que se aproxima, mais especificamente no dia 19/06, há um ano, teve início o que eu pensei que fosse ser a pior fase da minha vida. Confesso, não foi das mais fáceis. Passei por momentos que pensei que fosse fraquejar e desistir. Mas olhar para os lados e pra frente e enxergar que não havia razão para aquilo, fez com que eu pudesse voltar a me movimentar. Isso sem falar do apoio da minha família e dos meus amigos/irmãos, que foram mais do que fundamentais.
Como uma criança que está começando a (re) tomar ciência da própria existência, comecei a engatinhar e depois a caminhar, apoiando-me no que achava seguro. Depois comecei a sentir que podia caminhar sozinha, com as próprias pernas. Lutei e hoje continuo pelejando para que certas amarras não atrapalhem o novo caminho que está se abrindo diante dos meus olhos.

No dia 19 de junho, completo um ano de separação e de reconquista da liberdade. Em setembro, completarei um ano da decisão de mudar completamente o rumo que eu estava tomando. Foram meses de paciência, de surpresas e, finalmente, o momento que eu esperava. Dia 7 de junho (segunda-feira) começo a trabalhar para a Hemobrás, Empresa Brasileira de Hemoderivados e Biotecnologia da qual vocês ainda vão ouvir falar muito.

Deixo para trás a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), a maior instituição de pesquisa biomédica da América Latina, a qual me acolheu durante 7 anos e 7 meses, onde amadureci profissional e pessoalmente. Lá conheci gente de todo tipo. Tive o privilégio de conviver e aprender coisas com mentes brilhantes, mas resolvi que já era hora de caminhar para outro lado, ou melhor, para outra direção: para frente e para cima.

Que Deus me guie nos novos caminhos e me dê forças para superar os novos desafios. Os maiores serei eu mesma que colocarei a minha frente. Vou me inspirar nos grandes rios que precisam percorrer milhares de quilômetros, desviar de centenas de obstáculos para chegar ao seu destino final: o mar.

Obrigada a todos pela paciência e o apoio que me deram em todos os momentos de insegurança, desespero e tristeza nesses meses. E obrigado por compartilharem comigo também todas as melhores risadas.