domingo, 3 de janeiro de 2010

Como assim não dá para levar o Oscar?



James Cameron pode deixar a timidez e a modéstia de lado e gritar novamente "I´m the king of the world". Sumido dos cinemas desde Titanic (fez três documentários), voltou agora aos holofotes com "Avatar", mais uma de suas contribuições ao mundo do cinema.

Assistir Avatar em 3D é uma experiência única, talvez a primeira de muitas que podem vir por aí. A nova tecnologia utilizada proporciona a sensação de estarmos em Pandora, terra dos azuis, esguios e elegantes N´avi, civilização criada por Cameron para nos lembrar o quanto estamos nos desligando uns dos outros e rompendo nossa conexão fisio/biológica e espiritual com a Terra/Gaia.

Uma hora e meia depois do filme (redigi esse post ontem, após assistir ao filme no Box Guararapes), ainda estou estupefacta com a riqueza e a verossimilhança da fauna e da flora apresentadas no filme. O movimento dos insetos, cavalos e de outras feras (algo parecido com um rinoceronte com cabeça de tubarão martelo, cães e aves de características pré-históricas gigantes) é totalmente harmonioso e quase real, apesar ainda de um tanto mecânicos em alguns momentos. O ângulo das câmeras em 3D não causaram estranhamento, pelo contrário... Os detalhes das plantas fluorescentes... Impressionante!



E para quem gosta de ler, assistir e viajar com histórias de ficção científica (como eu), ver todas aquelas naves e computadores que colocam os monitores touch screen de Minority Report (de Steven Spielberg, com Tom Cruise) no bolso, rezo para viver o suficiente para usar um daqueles um dia, nem que seja para jogar paciência na minha velhice. Cameron traz, em Avatar, mais um salto tecnológico que vai fazer diferença na forma de filmar e exibir os filmes, como aconteceu com Star Wars, Matrix e O Senhor dos Anéis, entre outros clássicos/obras primas da ficção (Alien, O predador, O exterminador do futuro, Eu robô, A.I....).

Além disso tudo, o filme tem um enredo simples, até previsível, mas bem redondo, tudo com um fim. A mensagem ecológica é forte no momento em que o mundo deveria estar refletindo as consequências do fracasso da Conferência sobre Mudanças Climáticas das Nações Unidas (COP 15), realizada recentemente em Copenhague. As nações N´avi unindo forças mesmo estando em desvantagem em armamento, também manda uma mensagem para nós, nações em desenvolvimento: será que realmente precisamos continuar a nos submeter aos demandos e vontades daqueles que (aparentemente) são mais poderosos belica e economicamente que nós? Também traz uma esperança de que o caminho para onde estamos indo tem volta sim. Basta olharmos um para os outros...

Os humanos queriam, como mostra a história real da humanidade, destruir, explorar para extrair um minério que seria a solução para a falta de fontes de energia na Terra. Ao invés de aprender com os nativos de Pandora, continuaram agindo irracionalmente, atacando e destruindo a natureza de Pandora, como fizeram na Terra. Vendo isso no filme, lembrei das aulas de história da época do colégio, quando o professor falava da teoria de Pablo Neruda a respeito da devastadora forma que os espanhóis detonaram as civilizações astecas, maias e incas: la hambre/a fome (doenças estranhas aos nativos), la cruz (a imposição de uma nova religião e de novos costumes) e la espada (a superioridade bélica da pólvora verus as lanças e arco e flecha indígenas).

A meu ver, James Cameron já pode reservar um espaço na estante em cima da lareira para uma ou duas estatuetas douradas no Oscar deste ano: a de melhores efeitos visuais e a de direção de arte.

 Saiba mais sobre Avatar:

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