sexta-feira, 13 de outubro de 2017

Letters from Paris - A parte que não foi planejada

Eu não lembro exatamente o dia, mas foi pouco tempo depois de falar com a minha mestra Christina Tavares no telefone que a ideia de ir para Paris ficou martelando no meu juízo. Acho que as pessoas não imaginam o quanto eu nunca realmente sonhei em visitar certos lugares e Paris com certeza não estava no roteiro da minha vida. Umas conversas que eu tive com Aline sobre viagens pela Europa também contribuíram.. Ela que me deu todas as dicas possíveis sobre Cork, também deu sobre como procurar passagens em conta.

Você pode dizer: Bruna, como não? Eu te respondo: meus sonhos são muito pé no chão e específicos. A Irlanda também não estava nos meus planos*, e vejam o que aconteceu? :)

Eu estava no apartamento olhando passagens conforme a orientação da Aline e me deparei com várias possibilidades de me endividar mais. Era o penúltimo fim de semana em Cork e eu tava louca pra ir para Galway e adjacências... A passagem pra Liverpool estava mais barata... Mas já eu iria pra Londres... Outra coisa que pesou na decisão foi que a minha flatmate na ocasião (Tássia) tinha morado na França e colocou pilha. Comprei a passagem e pronto! Tava feita a desgraceira! hhahaha

Depois foi uma doidice pra arrumar um hostel, até que decidi e pronto: de 18 a 21 de setembro eu estaria em Paris. Tássia fez todo o meu roteiro do RER B (o transporte rápido de lá) + metrô e revisou o meu roteiro de lugares para visitar. "Meio longo pra dois dias, né?". Era. E eu tinha listado só o básico, sem muita firula. E lá fomos nós.... De Cork para Dublin de ônibus, direto para o aeroporto. E de lá pra Paris. Como eu já tinha voltado a trabalhar e o vôo era à tarde, perdi aula/prova... Não me condenem por isso. Foi  minha primeira falta e por uma causa nobilíssima!

Então, depois de desembarcar, lá fui eu comprar o ticket do RER B + metrô pra 3 dias. Achei que tava fazendo tudo certo, mas o dia conta como dia no dia que você comprou. Deu pra entender? Não é tipo 24 horas a partir do momento que você adquiriu. Isso deu merda na volta - era para eu ter comprado 4 dias -  e me rendeu uma passagem/gasto extra... mas deu tudo certo, no final das contas.

No metrô já comecei a praticar meu jogo preferido: mímica. Uma senhora me viu aperriada olhando para o mapa sem entender onde eu estava e perguntou algo que, claro, não entendi. Arrisquei um "je no parle francais" e apontei no mapa... Ela respondeu, de alguma forma, que avisaria quando fosse a minha "parada". Acho que li a mente dela, só pode ter sido.

Só sei que desci e fui catar o hostel para poder descansar um pouco antes de trabalhar. Afinal, tinha dormido quase nada para poder dar tudo certo com os horários da viagem. Minhas primeiras horas em Paris foram assim: trabalhando. :) A gente precisa pagar as contas depois da viagem, não é verdade?! rs Tinha o fim de semana inteiro pela frente para rodar pela cidade. E foi o que eu fiz.

 
O Aloha Hostel e o seu café da manhã

Primeira parada: Museu do Louvre. A expressão "andar de fazer calos nos pés" ganhou outro significado pra mim. Passei a manhã ali olhando tudo o que podia. Acho que consegui varrer tudo que me interessava. Pulei a parte medieval e a da própria história do museu para mergulhar na arte egípcia, greco-romana e nas pinturas italianas, francesas e espanholas. Meu forte não são as pinturas. Achei tudo muito mais do mesmo, mas algumas me impressionaram. Não vou lembrar o nome de todas, mas as minhas preferidas tiveram o devido registro. Ah! Sim! Eu vi a Mona Lisa de longe. E, aqui pra nós, não é o melhor retrato do Leonardo Da Vinci. Vou colocar mais fotos no fim do post, ok?

Entrando no Louvre...

Fora da pirâmide... Cara de quem não acredita no que está vivendo

Dentro da pirâmide! Tô no Louvre, porra!!!
Salão de esculturas maravilhosas... 

Athenas

A vênus de milo

A parte mais assustadora pra mim foram os sarcófagos...
Tinha uma ala cheia deles, meio escura... Eu passei voando... Esse foi o que eu mais curti.

O sarcófago do Rei Ramsés III. Os detalhes dos entalhes são sensacionais...


Apollo Galery - Esse salão é a coisa mais linda, todo feito em homenagem ao Rei Luiz XIV. 

Um dos corredores da galeria dos pintores

João Batista, do Leonardo Da Vinci

Virgin of the Rocks (Madonna of the Rocks), também do Da Vinci

La belle ferronnièr. É o quadro do Da Vinco que eu achei muuuito mais massa que a Mona Lisa. 


Esse momento foi sensacional. Flagrei um aspirante a artista (muito talentoso, por sinal) reproduzindo in loco uma obra do pintor espanhol Diego Velázquez, que só conheci no Louvre. John me explicou o motivo: "Ele inspirou Picasso, Monet e também me inspira. Reproduzindo as obras, posso aprender com os mestres".

Olha ali a Mona...

O quadro "A Liberdade guiando o povo (La Liberté guidant le peuple), do Eugène Delacroix. Quantas vezes a gente não a viu nos livros de história?

Joanna D´Arc na coroação de Charles VII. Achei linda. Sai fotografando quadros que tinham mulheres importantes e fortes. A obra é do francês Jean Auguste Dominique Ingres. Outro que nunca tinha ouvido falar antes do Louvre. Santa ignorância, Batman!


Dei uma volta na galeria do museu, cheia de loja das marcas que só escutava falar na TV, revistas e, mais recentemente, nos posts dos blogueiros de moda que eu sigo. Muita coisa linda, claro, mas também muita ostentação demais pro meu gosto. As lojas de suvenir do museu também são de tirar o fôlego. Eu não me empolguei. Só olhei e pronto.



A fachada diz tudo... 

Juro que não vejo graça nas bolsas da Gucci


Depois do Louvre, fui andando pelo Jardin des Tuileries, segui pela Praça de La Concorde e passei pelo Obelisco. Comprei um lanche numa barraquinha e fui andando e comendo parte dele pela Champs Elyssés. Começou a chover e eu não parei. Coloquei a capa e fui caminhando sem entrar em loja alguma até o Arco do Triunfo. Eu queria tirar essa foto pra Chris. Eu queria viver isso tudo por ela, já que não podia tê-la comigo pra sair me contando a história de tudo aquilo que ela sabe de cor e salteado.   




Até aqui o Jardim...

  
Praça de La Concorde e o obelisco

O Arco do Triunfo

Champs Elyssés: a chuva tinha parado


Meus pés já estavam mais do que acabados. Então eu peguei o metrô para a Torre Eiffel. Desci e, na chegada, a primeira avenida em que reparei o nome me deixou meio cabreira e fazia todo sentido depois de tudo que tinha acontecido dias antes... Sofrer em Paris...



Bem, a primeira vista da Torre foi essa. Será que é um presságio? D

Torre Eiffel + propaganda da Austrália com um coala...

Fui caminhando até chegar até ela, majestosa. Sai fotografando de todos os ângulos. Tentei tocar na sua base conforme mainha tinha pedido. Eu não fiz o passeio. Não subi na torre. Eu tenho medo de altura e com labirintite fiquei com medo de fazer isso sozinha. Minha viagem também foi muito modesta e essa grana poderia fazer falta mais adiante. A emoção de estar ali perto, embaixo foi suficiente pro coração de quem nunca se imaginou ali. Juro. O que eu tentei fazer e que é tradição foi comer o resto do meu lanche/almoço ali na frente dela. Puxei minha capa de chuva da bolsa, forrei no chão e fiquei meia hora ali, sentada, contemplando a danada.







Fim do almoço

Depois fui andando para dar uma caminhada pelas margens do Rio Sena, passei pela Ponte Alexandre III e cheguei na frente do que eu acho que era o Museu das Armas. 

Ainda volto pra fazer aquele passeio romântico no Bateaux-Mouche



Eu tinha que fazer uma escolha: incluir esse museu no roteiro ou partir para o Museu D´Orsay? Escolhi a segunda opção e fui. Outras obras de arte maravilhosas. Claro que mais arte religiosa, mas outras telas saíram da curva, como as do alemão Vincent Van Gogh. Eu fui lá pra ver suas obras, mas achei outras legais também, algumas outras impressionistas muito bonitas. 

Homenagem à mainha: Severine, do alemão Louis Welden Hawkins



van Gogh

Auto-retrato 


Starry night over the rhône


Agora os enormes quadros do Gustave Coubert



Esse é o detalhe do quadro da foto acima... Chega dá gosto! Olha os detalhes!




Fachada do Museu d´Orsay

Depois tentei ir em Montparnasse, mas voltei. Não aguentava mais. Precisava descansar. Voltei pro hostel, tomei um banho, limpei os pés que eram praticamente um aglomerado de bolhas. Resolvi ter uma refeição descente num restaurante perto do hotel e lá fui eu. Thank God a galera falava inglês porque senão era show de mímica parte 2.


O prato mais barato do cardápio: frango grelhado, purê de batata e molho de tomate.
Pão e vinho pra acompanhar

Meu segundo dia em Paris foi mais aventureiro. Eu consegui cumprir meu roteiro e ainda me arrisquei em outras opções. Acordei cedo e queria visitar o Instituto Pasteur, mas estava fechado (claro, era domingo!). Então fui direto para o Jardim de Luxemburgo. Estava chovendo um pouco, mas deu pra curtir a beleza do local. 





Ali perto tinha o Panteón, um monumento belíssimo que inicialmente era uma basílica e, há um belo tempo, abriga os restos mortais de diversas personalidades importantes na história da França como Voltaire, René Descartes e Marie Curie. Também estava fechado e não vi seu interior. 




Por falar na Marie, quando desci do metrô e andando até o Panteón, vi que tinham umas placas que indicavam a direção de um tal "Museu Curie". Cara, eu pirei porque eu sou fã dessa mulher faz tempo. Vocês viram meu post emocionado no Instagram? Se não viram, vejam aqui.  Eu sei que meus pés doídos me levaram ao Institut Curie, local que abriga o Museu Curie e o antigo laboratório da Marie. Eu visitei o pequeno museu rapidamente (era para estar fechado, como outros lugares, mas por conta de uma programação especial de alguns museus naquele domingo, estava aberto!). Cara eu entrei no laboratório dela! Emocionei-me bastante porque sou fã de sua dedicação à ciência. Essa polonesa radicada na França conduziu pesquisas pioneiras no ramo da radioatividade no início do século XX. A descoberta dos elementos químicos polônio e radio estão entre as suas contribuições. Também fundou com um pioneiro estudioso da oncologia a Fundação Curie, para desenvolver tratamentos para o câncer. 

A rua do instituto leva o nome deles também!

Na frente do prédio do museu 

O laboratório da Marie, "the boss"


Sai de lá extasiada e fui conhecer a Catedral de Notredame. Não tinha programado entrar, mas estava aberta também. Assustadoramente linda. Assisti um pedaço da missa, ouvi um pouco do seu órgão maravilhoso e parti para a próxima parada que seria a Saint Chapelle . Eu toquei. Tinha mais fila e eu já tava cansada... 

Notredame: fachada rica em detalhes. Estilo gótico

A nave da Catedral de Notredame... 

Vitrais maravilhosos

Estrutura que rodeava o altar mor



Essa fonte linda no caminho

Praça da Bastilha, símbolo da esquerda francesa, e a Colonne de Juillet.
Também não estavam no roteiro

O dia estava apenas na metade e eu ainda tinha muito o que ver. Queria tentar fazer um roteiro que achei no hostel... Então, tentei caminhar pelo Quartier Latin e arrumar um local barato para comer, mas deixei pra lá. Peguei o metrô novamente e fui para Monmartre. Chegando ao local, deparei-me logo com o Moulain Rouge. Eu não fui olhar os outros cabarés porque realmente não interessava... 



Subindo mais um pouco achei o Café des 2 Moulins que serviu de locação para o filme Amelie Poulain. Foi legal. Almocei por lá. Depois dessa parada não programada, mas deliciosa (minha quarta locação de filme nessa viagem!), eu segui para o meu destino final do dia: a Basílica de Sacré Coeur. 





Demorei pra chegar, mas valeu a pena. Que linda! Não entrei porque tinha muita gente e preferi, sinceramente, ficar contemplando um pouco Paris do alto e pensar na vida. Tudo que tinha acontecido e como eu tinha chegado até ali. Que loucura.





Ainda rodei um pouco perdida pelo bairro e voltei pro hostel. Era tempo de organizar as coisas porque a viagem de volta pra Cork começaria cedo e eu tentaria pegar a segunda parte da aula.






*Meus planos de viagem pelo mundo são "modestos", como eu disse. Modestos porque não teno taaaantos desejos assim. Incluem, apenas, conhecer vários lugares do Brasil, claro, mas alguns bem específicos: Disney/Flórida e Califórnia (EUA), Austrália, Nova Zelândia, Chile/Ilha de Páscoa e Peru. Gostaria de ir ao oriente, mas não sei se ao Japão, China ou Coreia. África do Sul e Espanha/Portugal entraram na lista mais recentemente. 

Mais fotos do  Louvre


Hórus, Deus dos Céus. Filho de Isis e Osíris. Cabeça de falcão...

Esfinge...

Quanto mais eu via coisas grandiosas assim mais ficava maravilhada e me perguntava como foi que tudo isso foi parar ali.. A que custo...

Tinha sarcófago para tudo que é gosto...


Um velho centauro sendo atormentado por Eros, deus do amor

Não lembro, mas vê que coisa linda... 

Guirlanda de flores, Juan Arellano, espanhol

Essa eu não lembro de quem foi mas achei fantástica... Destoava das demais pelo tema
(a maioria era sempre religiosa)



Sim, essa é pra registrar que eu estive lá mesmo rs

Área interna do Louvre fechada para os visitantes. Achei linda!

Como diria minha querida Rosana ao responder como você está:
"tudo em cima, a começar pelos peitinhos"


A minha escultura preferida: Eros desperta Psiquê de um estado inconsciente

Detalhes da estrutura de uma das galerias

Ponto final

2 comentários:

  1. Paris não está na minha lista de lugares que quero conhecer, mas vendo suas fotos fiquei achando ela até legalzinha kkkk

    ResponderExcluir
  2. Su, definitivamente tem muita coisa ainda para ver lá, principalmente museus... Tem dois relacionados à ciência que eu tenho certeza que você também ia adorar. Dois dias só dá pra fazer o roteiro básico e a toque de caixa. Nunca pensei em ir a Paris, mas não me arrependo. :)

    ResponderExcluir