domingo, 20 de agosto de 2017

Letters from Cork 8 - Chegadas e partidas


Ouvindo: We don´t talk anymore - Selena Gomez ft Charlie Puth (atualizado em 21/8)

Primeira conformação aqui no apartamento nas minhas três primeiras semanas: Isaac (RJ/Brasil), Alejandro (ES), eu e Agustín (Servilha/ES)

Antes de vir pra Cork, muito antes, quando essa possibilidade de concretizou e eu comecei a compartilhar com algumas pessoas, além delas ficarem felizes por mim, quem já tinha tido a experiência de viver um tempo fora compartilhou comigo suas impressões. Uma dessas pessoas foi o Gustavo Ramos, estudante de jornalismo que trabalha comigo na Combogó e é o meu "dragson", ou seja, meu estagiário mais próximo. A gente acaba trocando experiências: eu tento transferir um pouco do que sei da profissão, e ele o pouco do que sabe da vida. Mas ele já fez dois intercâmbios na vida, então, além de me dar uma força medonha, compartilhou que, quando se está fora, além de precisar viver imensamente todos os momento, você experimenta vários sentimentos e sensações de forma muito mais exacerbada. O tempo parece ser muito maior, ou seja, uma semana é um mês. Isso acontece quando você faz amizades e essas pessoas vão embora... 

Guga, você estava certíssimo! Essa semana eu estou vivendo isso na pele, literalmente. 

Primeiro foi uma saudade tremenda de casa na última quinta-feira. Liguei pra casa praticamente chorando. É... junta essa loucura toda do outro lado do Atlântico com TPM pra você ver... Chocolate e lágrimas, no mínimo... ;)

Depois o fim das aulas com o professor Niall O´Sullivan. Irlandês típico, 29, mas com um senso de humor, sarcasmo e talento pra ensinar fora de série. Professor de Ciências na vida real, então explica. Gostaria de tê-lo conhecido melhor, trocado ideia. Mas não deu tempo. Não rolou essa oportunidade. Foram três semanas divertidas em sala de aula. Apesar de quase ele não me acionar em sala de aula, o que me deixou frustrada principalmente na última semana, foi um excelente professor. Revisei muita coisa que precisava e aprendi coisas novas (tanto que essa semana que entra mudaram minha turma: saio do intermediário 2/B2 para o avançado 1/C1!).

Fizemos uma surpresa pra ele no último dia de aula que foi comentada por toda Cork English Academy. Infelizmente, por uma bobeira e "falta de entendimento de minha parte", acabei perdendo a despedida  dele em um pub aqui bem perto do apartamento. 

O Naill é esse apontando pra o quadro branco surpreso com a despedida (fareweel) 

Minha primeira turma na Cork English Academy, formada por brasileiros, em sua maioria, dois mexicanos, uma uruguaia, um espanhol, um alemão e um italiano. 
O Naill é o barbudo/ruivo no centro da foto. 

O pior está sendo - está no gerúndio porque estou vivenciando no momento - a despedida do Agustito, um dos espanhóis que moram aqui no apartamento. Quer dizer, morava. Ele deixou o apto hoje às 8h da manhã. 

Ontem tomamos uma cerveja juntos no pub aqui da frente do apto

A despedida continuou em casa...

Aquele abraço de até um dia... O primeiro, porque hoje eu acordei cedo
mesmo tendo ido dormir tarde (2h) pra desejar boa viagem

Nosso passeio no Charles Fort, em Kinsale

Eu servindo de cabide para as coisas do Tito enquanto ele posava para fotos. Figura! 

Depois de um mês aqui, Agustín voltou pra casa. Eu o conheci há apenas 3 semanas, mas foi a pessoa de quem mais me aproximei, mesmo não conseguindo nos entender direito na primeira semana que passei aqui, com uma diferença de idade tão grande (ele faz 21 em novembro, tem idade pra ser meu filho) e termos pouquíssimo em comum. 

Era com o "Tito" que eu ficava em casa revisando os conteúdos do dia na mesa da cozinha e a gente tentava conversar sobre ele, sobre mim, sobre as aulas, sobre nossa mania de organização e limpeza. A gente acabou falando das famílias, do trabalho (ele está buscando se tornar comissário de voo), trocando informações sobre música, ouvindo música juntos. Só sai com ele uma vez, quando fomos para Kinsale, além da despedida de ontem.

Eu fiquei meio que sendo "tutora", porque ele não falava quase nada quando chegou aqui e ontem saiu desenrolando muita coisa, falando, discutindo. Orgulhosa de sua evolução e na torcida que dê tudo certo na entrevista de emprego que fará dia 10/9. E já muito saudosa das risadas também. Foram muitas, muitas mesmo principalmente com a mistura de inglês, espanhol e português que rolava. 

Essa semana a família dele veio buscá-lo e conheci todo mundo. Aí você descobre de onde vem o caráter das pessoas... D. Sônia, sr. Agustín, a namorada e a irmã dele... Enfim, uma família adorável. A mãe dele agradeceu bastante por "eu ter cuidado dele" e me chamou pra visitá-los quando for à Espanha, um dia. Olha aí: já tenho onde passar férias: em Servilha! A Feria (festa típica deles, realizada em abril) que me aguarde! rs

Eu fiz um cartão de despedida pra ele e ele fez um pra mim também. Entregou no dia anterior da partida, mas disse pra abrir apenas quando ele chegasse na Espanha. Que me avisaria... Tô esperando aqui pra ler... Sacanagem fazer isso com uma jornalista. 

Sinto por vê-lo ir embora. Sentiremos sua falta. Saúde. Até logo. Mantenha contato. Cuidado. Tudo de bom. 

O cartão que comprei pra ele diz: "Esse lugar não vai ser o mesmo sem você". Eu escrevi o seguinte: Agustito, foi realmente uma grande satisfação conhecê-lo. Obrigada por todo o apoio e amizade nessas três semanas. Muito obrigada. Vou sentir falta da nossa conversa nos fins de tarde enquanto revisávamos as lições da escola. Não vou esquecer como ríamos tentando entender um ao outro. Estou feliz e orgulhosa da sua evolução. Espero que você realize todos os planos pra sua vida e sonhos. Você é um grande homem. Não mude. Seja sempre esse grande filho, irmão, amigo e namorado. Se algum dia você for ao Brasil, espero que você visite Pernambuco. Obrigada por ser meu melhor amigo em Cork. Vou sentir saudades. Seja feliz e tenha uma excelente viagem. Beijos, Bruna Cruz. 


(atualização)
Á noite, depois de chegar em Servilha, Agustito mandou mensagem dizendo que eu tinha que ir até o frigobar e tomar a cerveja que ele tinha deixado pra mim e só depois abrir o cartão dele. Eu tinha acabado de beber no pub aqui da esquina e prometi que beberia em outro momento e mandaria uma foto. Ele liberou a abertura e olha que coisa mais fofa. 


É uma foto dele com uma mensagem no verso que diz o seguinte: "Para uma grande amiga, do Agustito. Como começar a dizer que vou vê-la em breve. Primeiro, obrigada mil vezes por tudo. Você é uma grande pessoa e única. Vou sentir muito a sua falta. Eu só espero vê-la em breve, talvez na Espanha, Brasil ou em um avião. Lembre que você sempre terá um amigo para o que precisar. Guarde essa foto e lembre-se disso. Esse é o começo de uma grande amizade. Beijos". 

Pra quem adora receber essas coisas pra mim foi perfeito. Emoção pura. Muita verdade da parte dele também. 

Teve um dia que tentamos fazer um jogo de trava língua com o Alejandro e o Isaac, o brasileiro que morava aqui até ontem também, e foi hilário. "Me cago em tus muertos", Tito! (inside joke!) :D Miss you! 

Isaac vai ficar aqui mais tempo, então devemos nos encontrar pela escola, pela rua. Carioca, 24 anos, economista, veio tentar a vida aqui. Estudar e trabalhar. Jantamos pizza na sexta e conversamos muito, inclusive sobre teorias relacionadas ao seriado Game of Thrones. Sucesso pra ti também, Isaac!

Pizza com chá gelado com Isaac, na sexta


Aqui vivemos uma vida paralela que acontece por um tempo determinado. Você sai da sua realidade, vive longe de tudo que lhe é familiar, e depois, no meu caso, volta. E geralmente valoriza tudo que havia ficado para trás. Espero que isso realmente aconteça. 

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