in.di.fe.ren.ça
s. f. 1. Qualidade de indiferente. 2. Desatenção, frieza. 3. Desinteresse, negligência, apatia
in.di.fe.ren.te
s. f. Alusão pérfida (desleal), feita disfarçadamente.
Consultei o Michaelis ("trai" o Aurélio dessa vez) antes de tentar falar sobre um "remédio" usado pela maioria das pessoas, umas mais que as outras. As que mais usam o fazem de caso pensado, de modo que "disfarçadamente", como diz a definição, não respondem a determinado estímulo, não fazem referência a algo que aconteceu. Este santo remédio é eficaz no que diz respeito a relacionamentos e ao comportamento dos homens e mulheres quando estão na fase inicial do "delicioso jogo da sedução", ou não.
Quem viu o filme "Ele não está tão a fim de você" ou "A verdade nua e crua" vai saber do que eu estou falando. Há uma diferença muito grande no uso desse artifício por homens e mulheres. Os homens são indiferentes em várias situações: 1) Por serem lentos e desatentos por natureza (desculpa comumente usada por eles e por nós); 2) Quando estão tentando seduzir uma mulher, jogam com a indiferença; 3) Quando estão dispensando uma mulher; 4) Quando não dispensam a mulher e mantem-na ali, em banho maria, dão corda e depois somem, não respondem aos "estímulos", ficam no chove não molha.
A mulher é diferente: é indiferente quando não quer nada mesmo com o rapaz (pelo menos a maioria que eu conheço, embora hoje em dia as exceções estejam se multiplicando como Gremlins). Convesa, dispensa e some, desaparece. Ou é direta e diz pro cara sumir, que não tem nada a ver.
Mas estou achando que perceber e começar a usar essa tática masculina pode não ser novidade pra ninguém, mas pra mim é. Digo porque, por exemplo, quando assisto a filmes como os que citei anteriormente e escuto histórias de amigas, de amigas de amigas, reconheço-me em várias situações. Sou daquelas mulheres transparentes que mostra no rosto e fala o que sente, que diz o que pensa, que mostra o que quer e como quer.
Além da transparência assustar, junto com outras questões como a independência (falo qualquer dia nisso em outro post), acho que isso quebra o jogo (de sedução) masculino e nos confunde, pois sempre (ainda) esperamos que eles ajam como nós em várias situações. O resultado é a ansiedade e a frustração, pra não citar outras coisas.
Além da transparência assustar, junto com outras questões como a independência (falo qualquer dia nisso em outro post), acho que isso quebra o jogo (de sedução) masculino e nos confunde, pois sempre (ainda) esperamos que eles ajam como nós em várias situações. O resultado é a ansiedade e a frustração, pra não citar outras coisas.
Homem pensa, age e calcula tudo diferente da mulher (novidade!!). E usa a indiferença como arma para fazer o que bem quer, quando bem quer. Cabe a nós, ainda não sei de que jeito, usá-la a nosso favor. Tem coisa mais triste do que a indiferença?
"A indiferença é a maneira mais polida de desprezar alguém".
Mário Quintana
"O pior pecado contra nosso semelhante não é o de odiá-los, mas de ser indiferentes para com eles".
George Bernard Shaw
"O oposto do amor não é o ódio, mas a indiferença."
Érico Veríssimo
O contrário do Amor (Martha Medeiros)
O contrário de bonito é feio, de rico é pobre, de preto é branco, isso se aprende antes de entrar na escola. Se você fizer uma enquete entre as crianças, ouvirá também que o contrário do amor é o ódio. Elas estão erradas. Faça uma enquete entre adultos e descubra a resposta certa: o contrário do amor não é o ódio, é a indiferença.
O que seria preferível, que a pessoa que você ama passasse a lhe odiar, ou que lhe fosse totalmente indiferente? Que perdesse o sono imaginando maneiras de fazer você se dar mal ou que dormisse feito um anjo a noite inteira, esquecido por completo da sua existência? O ódio é também uma maneira de se estar com alguém. Já a indiferença não aceita declarações ou reclamações: seu nome não consta mais do cadastro.
Para odiar alguém, precisamos reconhecer que esse alguém existe e que nos provoca sensações, por piores que sejam. Para odiar alguém, precisamos de um coração, ainda que frio, e raciocínio, ainda que doente. Para odiar alguém gastamos energia, neurônios e tempo. Odiar nos dá fios brancos no cabelo, rugas pela face e angústia no peito. Para odiar, necessitamos do objeto do ódio, necessitamos dele nem que seja para dedicar-lhe nosso rancor, nossa ira, nossa pouca sabedoria para entendê-lo e pouco humor para aturá-lo. O ódio, se tivesse uma cor, seria vermelho, tal qual a cor do amor.
Já para sermos indiferentes a alguém, precisamos do quê? De coisa alguma. A pessoa em questão pode saltar de bung-jump, assistir aula de fraque, ganhar um Oscar ou uma prisão perpétua, estamos nem aí. Não julgamos seus atos, não observamos seus modos, não testemunhamos sua existência. Ela não nos exige olhos, boca, coração, cérebro: nosso corpo ignora sua presença, e muito menos se dá conta de sua ausência. Não temos o número do telefone das pessoas para quem não ligamos. A indiferença, se tivesse uma cor, seria cor da água, cor do ar, cor de nada.
Uma criança nunca experimentou essa sensação: ou ela é muito amada, ou criticada pelo que apronta. Uma criança está sempre em uma das pontas da gangorra, adoração ou queixas, mas nunca é ignorada. Só bem mais tarde, quando necessitar de uma atenção que não seja materna ou paterna, é que descobrirá que o amor e o ódio habitam o mesmo universo, enquanto que a indiferença é um exílio no deserto.
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