sábado, 16 de outubro de 2010

Ser capaz

..."Sou capaz para o segredo, sou capaz para o irrecuperável, sou capaz para o silêncio, sou capaz para o medo, sou capaz para o bizarro. Minha incapacidade é para a frescura, para a fofoca, para a vaidade, para a seriedade que conferem ao que é irrelevante, e quase tudo é irrelevante, quase tudo que está à vista.

Sou capaz para o que não conheço e torno-me quase incapaz para o que conheço bem demais. Sou pouco capaz para a matemática, para a física, para a culinária, para a religião. Talvez seja capaz para a mediunidade, mas nunca tentei. Sou capaz para a loucura, mas costumo frear a tempo. E, quando preciso de solidão, sou capaz de me declarar inábil para tudo o mais, na esperança secreta de ser deixada em paz".

(Trecho da crônica "Ser capaz", de Marta Medeiros, em Montanha Russa)

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