A expressão de mim em mim

Eu não lembro bem quando eu passei a querer ter meu corpo tatuado, mas já faz muito tempo. Várias foram as razões para que isso não acontecesse há até três anos, quando fiz a minha primeira. Medo, insegurança, falta de grana... Mas com a decisão tomada, passou a ser um presente que vou tentar me dar todo mês de dezembro. Todas as (agora) cinco têm um significado ligado diretamente à minha personalidade, ao que amo, ao que quero ser e deixar de ser. Elas me representam.

A primeira - nas costas - foi uma série de notas musicais com uma bola de vôlei estilizada em uma das cifras. São duas paixões, duas habilidades que não desenvolvi, por falta de incentivo, apoio, por achar que não tenho talento, por deixar isso tudo me impedir de me dedicar. Agora elas moram em mim.

A segunda foi a orquídea - na panturrilha esquerda - em homenagem ao meu pai e à união dele com a minha mãe (ela também a tatuou no mesmo local). Era a flor que ele dava de presente a ela. Representa, de alguma forma, o amor deles, a minha vida, a saudade que eu tenho dele e a pessoa que eu quero ser.

As três que fiz agora são mais traços da minha persona.

O FF junto às notas musicais é uma homenagem à banda que mais gosto - Foo Fighters - que me permitiu abrir as portas de uma das grandes vontades que tenho em minha vida: viajar. Falar é simples. Difícil foi fazer. E é a coisa que eu mais quero fazer até o resto dos meus dias. 

O “May the force be with you” - na panturrilha direita -, quer dizer “Que a força esteja com você” e é a mais famosa citação da saga Star Wars, a qual sou muito fã, apesar de não ter mergulhado no seu universo expandido. Sou fã porque, além de amar ficção científica e cinema, ser um tanto nerd, apreciar a cultura, mesmo sem estar envolvida com ela totalmente, a saga apresenta valores com os quais me identifico. A Força, da forma como eu a vejo, nada mais é do que essa grande energia que liga todos os seres e coisas vivas no universo. Tem a ver com espiritualidade, com fé, com o que acredito que nos integra. 

Já o Charlie Brown e o Snoopy - na canela direita - têm um significado pessoal muito importante. Faço terapia há quase dois anos e muita coisa mudou desde então. Lidar com minhas limitações passou a ser um dos focos de minha vida. E essa tatuagem coloca à mostra uma das coisas que eu aprendi a esconder/negar por anos. Ela expõe uma de minhas grandes fragilidades e conseguir olhar e lidar com elas vem sendo um grande desafio, ao mesmo tempo que é muito saudável. O personagem é o protagonista do desenho animado Peanuts de Charles M. Schulz, ou, como ele mesmo admitiu, seu autorretrato, por meio do qual compartilhava suas inseguranças e dúvidas sobre si mesmo.

Quando eu comentei que eu ia tatuar o CB alguém me perguntou o motivo e eu nem precisei explicar muito. A resposta foi imediata: "ele só se fode". Desculpe o palavrão, mas é isso mesmo. É só lembrar o que acontece no desenho, nas tirinhas e de sua célebre frase: "Que puxa". O Snoopy está ali sempre do seu lado. Para mim, esse cãozinho fofo representa companheirismo, parceria, amor, aceitação e não e deixa de ser uma homenagem aos cães/anjos com quem convivi ao longo da vida e que foram grandes professores de como você deve se comportar com alguém que você realmente ama. Só resta saber se eu tenho sido uma boa aluna...

As próximas tatuagens já estão definidas: uma bonequinha zen, porque eu quero ser uma pessoa tranquila até o resto de minha vida, menos ansiosa - tem a ver com inteligência emocional; um diamante, que representa transparência, dar grande valor às coisas que realmente importam e resistência. Há outras ideias ainda, mas sem tantos significados.